Terça-feira, 17/03/2009
Uma marcha de produtores de café no Sul de Minas Gerais alerta para as dificuldades que a atividade enfrenta na região. Eles reclamam da remuneração da lavoura e pedem que o governo tomem medidas.
Produtores de café fizeram um protesto na segunda-feira, no sul de Minas Gerais. Eles estão descontentes com a remuneração da lavoura e pedem que o governo tome medidas para aliviar o setor.
Tratores e caminhões tomaram as ruas do centro de Varginha. Tirar as máquinas do campo e levá-las para a cidade foi a forma encontrada pelos cafeicultores para protestar contra o preço do café e a falta de uma política para o setor.
“Considerando a importância social da cafeicultura como um todo e das cooperativas tendo o café como principal produto, torna o movimento legítimo”, disse Marcos Matos, gerente da Organização das Cooperativas do Brasil.
O seu José Francisco Marciliano é tratorista e está preocupado com o que acontece no campo. “Onde moramos foram dispensadas mais de 15 pessoas. Aí, fica ruim”, falou.
Os cafeicultores brasileiros têm hoje uma dívida superior a quatro bilhões de reais. Eles querem pagar o que devem com sacas de café e pedem um valor mínimo, como explicou Gilson Ximenes, presidente do Conselho Nacional do Café.
“O valor mínimo de R$ 320,00, um preço de garantia de R$ 320,00 através das opções públicas que o governo deverá implementar”, defendeu Ximenes.
O governo aceita receber as sacas, mas faz uma ressalva. “A conversão da dívida em café se mostra viável e está aprovada pelo governo federal desde que convertido o valor da dívida pelo preço de garantia da saca no momento de vencimento da dívida”, esclareceu Manoel Bertoni, secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura.
Enquanto produtores e representantes do governo não chegam a um acordo, no campo os agricultores buscam saídas para enfrentar os problemas.
O seu Élcio Trombini, por exemplo, já não pode contar apenas com a renda que vem da produção do café. “Eu gasto mais de R$ 300,00 para produzir, para dar de pronto na cooperativa, e ele está hoje em torno de R$ 250,00. Então, eu estou tendo prejuízo. Estou fazendo uns bicos para poder sustentar. Só da lavoura não consigo tirar”, contou.
O seu Genésio Sarto, vizinho do seu Élcio, está preocupado com o financiamento de um trator e de uma colheitadeira. As máquinas foram compradas no ano passado. O produtor se queixa da falta de crédito.
“Você não consegue pegar dinheiro em banco. Está difícil demais. Estou tentando o custeio da lavoura. A lavoura está defasada devido ao custeio, que não peguei o custeio ainda”, disse seu Genésio.
Um grupo de trabalho criado no início do ano pelo governo federal está analisando a situação dos produtores de café. O trabalho envolve os ministérios do Planejamento, da Fazenda e da Agricultura, além de representantes dos agricultores.