Cafés especiais: uma ajuda em situações de crise

18 de fevereiro de 2009 | Sem comentários Cafés Especiais Produção

Cafés especiais: uma ajuda em situações de crise
(16/02/2009 17:15)
Produzir cafés excepcionais hoje é muito mais importante, quando o setor vive uma redução em sua produção, devido às alterações climáticas e a crise econômica, diminuindo as possibilidades de compras para os consumidores, disse o nicaragüense Erwin Mierisch McEwan, presidente do júri do 7º concurso Taça de Excelência, que começou na semana passada em Manizales.


Sua experiência como cafeicultor e diretor da Aliança para a Excelência do Café (ACE), que promove este concurso, o permite afirmar que em meio a este panorama que marca o setor, os cafés especiais ganham valor e são desejados cada vez mais.


Mierisch McEwan é um otimista do café. Para ele, o grão tem a vantagem de ter se tornado um ingrediente básico para o dia de muitas pessoas, e é uma planta nobre, capaz de superar as condições adversas.


Porém há algo que preocupa o próprio cafeicultor. Segundo ele, as economias têm seus ciclos de alta e baixa, porém os custos para os produtores estão mais valorizados.


Segue abaixo uma entrevista realizada com o Mierisch McEwan, que ressaltou a importância dos apoios financeiros aos cafeicultores, para que não se afastem do setor.


O concurso


Em quantos países ocorre o concurso da Taça da Excelência?


Em nove. Ocorre em toda América Central, na América do Sul estamos na Colômbia, Bolívia e Brasil, e na África em Ruanda. Brevemente estará em Burundi, também na África, e estamos em conversações com o Peru. É uma ferramenta que utilizamos nos países produtores para promover os cafés especiais.


Que importância tem este concurso para o panorama cafeeiro mundial?


Tem muita importância, porque o mundo do café é pequeno dentro da globalização. Realizamos este evento para descobrir aqueles diamantes que temos nos países e divulgar. No passado, os negócios de café eram maiores que todas as commodities, em nível de bolsa, e a qualidade dos cafés especial se perdia quando se mesclava com grãos comerciais. Aqui tratamos de mudar essa cultura para levar mais benefícios aos cafeicultores, que foram reconhecidos com um preço mais alto pela qualidade que produziram.


Também se busca impulsionar a demanda e conservar a qualidade do café?


Sim, a ACE realiza alianças de café em diferentes frentes, por exemplo, entre os consumidores e os compradores, entre os compradores de café e os produtores, para ajudar o país a promover o grão e para fazer os produtores vêem a necessidade de realizar um bom manejo no café. Como ocorre na indústria vinícola, queremos imitar muito do que fizeram, o que lhes permitiram vender uma garrafa a US$ 20,00 ou US$ 30,00.


Panorama Cafeeiro


Qual o futuro da cafeicultura, marcada pela diminuição da produção e pelas más condições climáticas?


Muito complicado, o clima não é o único problema e problemas no solo não estão ocorrendo só na Colômbia. Também há em muitos países da América Central, como a Costa Rica e a Guatemala, com reduções entre 30% a 40%. Além disso, afetam a qualidade e o volume da colheita. Há algo de bom, já que nestas condições o prêmio pelos cafés especiais aumentam, como está ocorrendo nos grãos colombianos.


Qual a perspectiva em relação aos preços?


Deve-se ter em mente que há uma crise econômica mundial, e que os dias em que os estados Unidos pagavam sete a oito dólares por uma xícara, não temos mais. Muitos dos compradores estão pagando preços mais baixos, já que seus consumidores não estão dispostos a pagarem preços altos. É difícil saber o que irá se passar, porque estamos em uma situação que não era vista desde a depressão dos anos 30, quando não havia a globalização que vivemos.


Muitos acreditam que os cafeicultores não poderão continuar com suas atividades. Qual sua opinião?


Os produtores não podem fazer chover mais ou menos, em relação às adversidades climáticas. Porém o café é uma planta nobre que se recupera em tempos difíceis. O problema está em quando se perde na bolsa, isso o produtor não pode recuperar. Este seria o risco.


Conselhos


Como o senhor vê a cafeicultura Colombiana?


Apesar dos problemas climáticos, está bem. O consumo de cafés especiais está se incrementando e abre as portas para muitos produtores que cultivam um excelente café. Os produtores têm que tomar cuidados com as variedades plantadas e com a quantidade, que não é sinônimo de qualidade. De toda forma, o caminho que conduz os cafés especiais da Colômbia é elevado. Suas exportações cresceram quase 20% nos últimos quatro a cinco anos. No Brasil, a porcentagem é muito pequena frente à produção de 40 milhões de sacas.


Custos


O impacto do aumento exagerado dos custos dos fertilizantes foi generalizado?


Sim, na América Central os preços subiram três a quatro vezes. Muitos produtores não fizeram a fertilização por este motivo, principalmente quando não estavam recebendo financiamentos. Este ano os custos irão diminuir um pouco, com a queda do preço do petróleo e se houver financiamento para compras. Por isso é bom que a Colômbia veja se vai fazer algo nesse sentido através da Federação Nacional dos Cafeicultores.


Destaque


Precisamos dar uma maior ênfase para as qualidades de regiões produtoras de café, estes países são tão diversos e tão diferentes que há sabores que devem ser aproveitados.


De US$ 22,00 a US$25,00, este é o preço que estão pagando no mercado internacional por uma libra (0.4536 kg) de café supremo da Colômbia.


 

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Cafés especiais: uma ajuda em situações de crise

16 de fevereiro de 2009 | Sem comentários Cafés Especiais Produção

Cafés especiais: uma ajuda em situações de crise
(16/02/2009 17:15)
Produzir cafés excepcionais hoje é muito mais importante, quando o setor vive uma redução em sua produção, devido às alterações climáticas e a crise econômica, diminuindo as possibilidades de compras para os consumidores, disse o nicaragüense Erwin Mierisch McEwan, presidente do júri do 7º concurso Taça de Excelência, que começou na semana passada em Manizales.


Sua experiência como cafeicultor e diretor da Aliança para a Excelência do Café (ACE), que promove este concurso, o permite afirmar que em meio a este panorama que marca o setor, os cafés especiais ganham valor e são desejados cada vez mais.


Mierisch McEwan é um otimista do café. Para ele, o grão tem a vantagem de ter se tornado um ingrediente básico para o dia de muitas pessoas, e é uma planta nobre, capaz de superar as condições adversas.


Porém há algo que preocupa o próprio cafeicultor. Segundo ele, as economias têm seus ciclos de alta e baixa, porém os custos para os produtores estão mais valorizados.


Segue abaixo uma entrevista realizada com o Mierisch McEwan, que ressaltou a importância dos apoios financeiros aos cafeicultores, para que não se afastem do setor.


O concurso


Em quantos países ocorre o concurso da Taça da Excelência?


Em nove. Ocorre em toda América Central, na América do Sul estamos na Colômbia, Bolívia e Brasil, e na África em Ruanda. Brevemente estará em Burundi, também na África, e estamos em conversações com o Peru. É uma ferramenta que utilizamos nos países produtores para promover os cafés especiais.


Que importância tem este concurso para o panorama cafeeiro mundial?


Tem muita importância, porque o mundo do café é pequeno dentro da globalização. Realizamos este evento para descobrir aqueles diamantes que temos nos países e divulgar. No passado, os negócios de café eram maiores que todas as commodities, em nível de bolsa, e a qualidade dos cafés especial se perdia quando se mesclava com grãos comerciais. Aqui tratamos de mudar essa cultura para levar mais benefícios aos cafeicultores, que foram reconhecidos com um preço mais alto pela qualidade que produziram.


Também se busca impulsionar a demanda e conservar a qualidade do café?


Sim, a ACE realiza alianças de café em diferentes frentes, por exemplo, entre os consumidores e os compradores, entre os compradores de café e os produtores, para ajudar o país a promover o grão e para fazer os produtores vêem a necessidade de realizar um bom manejo no café. Como ocorre na indústria vinícola, queremos imitar muito do que fizeram, o que lhes permitiram vender uma garrafa a US$ 20,00 ou US$ 30,00.


Panorama Cafeeiro


Qual o futuro da cafeicultura, marcada pela diminuição da produção e pelas más condições climáticas?


Muito complicado, o clima não é o único problema e problemas no solo não estão ocorrendo só na Colômbia. Também há em muitos países da América Central, como a Costa Rica e a Guatemala, com reduções entre 30% a 40%. Além disso, afetam a qualidade e o volume da colheita. Há algo de bom, já que nestas condições o prêmio pelos cafés especiais aumentam, como está ocorrendo nos grãos colombianos.


Qual a perspectiva em relação aos preços?


Deve-se ter em mente que há uma crise econômica mundial, e que os dias em que os estados Unidos pagavam sete a oito dólares por uma xícara, não temos mais. Muitos dos compradores estão pagando preços mais baixos, já que seus consumidores não estão dispostos a pagarem preços altos. É difícil saber o que irá se passar, porque estamos em uma situação que não era vista desde a depressão dos anos 30, quando não havia a globalização que vivemos.


Muitos acreditam que os cafeicultores não poderão continuar com suas atividades. Qual sua opinião?


Os produtores não podem fazer chover mais ou menos, em relação às adversidades climáticas. Porém o café é uma planta nobre que se recupera em tempos difíceis. O problema está em quando se perde na bolsa, isso o produtor não pode recuperar. Este seria o risco.


Conselhos


Como o senhor vê a cafeicultura Colombiana?


Apesar dos problemas climáticos, está bem. O consumo de cafés especiais está se incrementando e abre as portas para muitos produtores que cultivam um excelente café. Os produtores têm que tomar cuidados com as variedades plantadas e com a quantidade, que não é sinônimo de qualidade. De toda forma, o caminho que conduz os cafés especiais da Colômbia é elevado. Suas exportações cresceram quase 20% nos últimos quatro a cinco anos. No Brasil, a porcentagem é muito pequena frente à produção de 40 milhões de sacas.


Custos


O impacto do aumento exagerado dos custos dos fertilizantes foi generalizado?


Sim, na América Central os preços subiram três a quatro vezes. Muitos produtores não fizeram a fertilização por este motivo, principalmente quando não estavam recebendo financiamentos. Este ano os custos irão diminuir um pouco, com a queda do preço do petróleo e se houver financiamento para compras. Por isso é bom que a Colômbia veja se vai fazer algo nesse sentido através da Federação Nacional dos Cafeicultores.


Destaque


Precisamos dar uma maior ênfase para as qualidades de regiões produtoras de café, estes países são tão diversos e tão diferentes que há sabores que devem ser aproveitados.


De US$ 22,00 a US$25,00, este é o preço que estão pagando no mercado internacional por uma libra (0.4536 kg) de café supremo da Colômbia.


 

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