William Monteiro
A Minas Export, de Piumhi, Centro-Oeste mineiro, uma das principais exportadoras de café de Minas Gerais, detentora da marca Café Moka, foi adquirida pela norte-americana Sara Lee. A informação é do empresário Ramiro Júlio Ferreira, ex-dono da Minas Export. Após seis meses de conversações, o negócio foi fechado em outubro de 2008, quando a Sara Lee assumiu o controle do Café Moka. No mês passado, a multinacional passou a controlar a Minas Export. “Vamos nos concentrar agora na área de laticínios”, declarou Ferreira, desconversando sobre o valor do negócio.
Ferreira informou que a Minas Export produz 200 mil sacas de café e fatura cerca de US$ 30 milhões por ano. A produção sai das fazendas do grupo, em Piumhi, indo para a unidade de processamento, também na cidade, onde trabalham 48 funcionários. Em São Paulo, onde é produzido o Café Moka (o segundo em vendas no mercado paulista, de acordo com Ferreira), está a indústria de torrefação e moagem, com 168 funcionários. Ferreira afirmou que “pelo menos 90% desta mão-de-obra continuará empregada pela Sara Lee”.
O Café Moka, uma das mais antigas marcas de café de São Paulo, fundado em 1912, foi adquirido pela Minas Export em maio de 2003. Já no ano seguinte, a família Ferreira conseguiu quase quadruplicar o faturamento, que saltou de US$1 milhão para US$ 3,8 milhões. Os bons resultados refletiram os investimentos feitos. Os donos da Minas Export injetaram, nos dois primeiros anos no Café Moka, cerca de R$ 2,5 milhões nas linhas de torrefação e moagem. A compra de novas máquinas elevou a capacidade de produção de 300 para mil toneladas por mês.
Das modificações no Café Moka surgiram novos produtos, lançados no varejo paulista já no começo de 2004. Além do café torrado e moído, a empresa passou a comercializar café solúvel, cappuccino e achocolatados. Esta foi a empresa que o conglomerado norte-americano Sara Lee, originário de Chicago, estado de Illinois, incorporou ao seu patrimônio junto com a Minas Export. No Brasil, a Sara Lee já comercializa as marcas Pilão, Caboclo, Café do Ponto, Seleto e União. Presente em 55 países, com mais de 100 marcas, emprega 155 mil pessoas ao redor do mundo.
No Brasil, a estratégia do grupo é comprar marcas conhecidas, manter o nome e injetar dinheiro. A Sara Lee Cafés do Brasil emprega mais de mil trabalhadores nas unidades de produção de Barueri (SP) e do bairro da Mooca, na capital paulista. Uma das negociações de peso realizadas pela multinacional foi a aquisição da União.
A tradicional Companhia União dos Refinadores de Açúcar e Café, fundada no Brasil por imigrantes italianos em 1910, foi assumida, em 1975, pela Coopersucar. Em 1978, foi lançado o Café Pilão; em 1981, o Café União embalado a vácuo; em 1985, o Açúcar Granulado Doçúcar e, em 1994, o Filtro de Café Pilão.
Mas, em 2000, a Coopersucar concentrou suas operações no foco de seus cooperados: cana, açúcar e álcool. As operações de café torrado e moído (marcas Pilão e Caboclo) foram negociadas com a Sara Lee. A marca Café União foi licenciada por um período de dez anos. Além do café, a Sara Lee produz outras bebidas e alimentos, roupas íntimas (Zorba, Kendall), aparelhos domésticos e produtos de higiene pessoal (Phebo).