A retração nas vendas por parte dos cafeicultores no final de 2008 derrubou as exportações da commodity em janeiro. Apesar de ser considerada sazonal, a queda de 29% no volume em relação a dezembro é atípica. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), em janeiro foram vendidas 2,28 milhões de sacas ante 3,23 milhões de sacas do mês anterior. A menor atuação dos produtores pode ser creditada à espera do desfecho da renegociação das dívidas do setor.
Com a prorrogação dos vencimentos, os cafeicultores poderiam adiar as negociações e vender com o mercado mais favorável. A avaliação de analistas é que o grande volume exportado em dezembro pode ter sido favorecido pela oferta de café nos meses anteriores. “O produtor precisava pagar as contas de final de ano e começou a liquidar o produto”, diz Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes. (GM B9)
São Paulo, 9 de Fevereiro de 2009 – A retração nas vendas por parte dos cafeicultores no final de 2008 derrubou as exportações da commodity em janeiro. Apesar de ser considerada sazonal e, portanto, prevista pelo setor, a queda de 29% no volume em relação a dezembro é considerada atípica. Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), em janeiro deste ano, foram vendidas 2,28 milhões de sacas ante os 3,23 milhões de sacas do mês anterior. A menor atuação dos produtores pode ser creditada à espera do desfecho renegociação das dívidas do setor. Com a prorrogação dos vencimentos, os cafeicultores poderiam adiar as negociações e vender com o mercado mais favorável.
A avaliação de analistas é que o grande volume exportado em dezembro pode ter sido favorecido pela oferta de café no mercado nos meses anteriores. “O produtor precisava pagar as contas de final de ano e começou a liquidar o produto no mercado”, explica Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, tradicional corretora de café com sede em Santos (SP). “O produtor sempre vai segurar o que pode”, completa.
Na comparação com os anos anteriores, a queda registrada em janeiro não foi tão intensa. No primeiro mês de 2007, período da última safra cheia do Brasil, os embarques caíram 15% na comparação com dezembro de 2006, fechando com 2,35 milhões de sacas vendidas, segundo o Cecafé. Na safra 2006/07, foram produzidas 42,5 milhões de sacas, cerca de 3 milhões a menos que a última colheita, segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Carvalhaes lembra que entre setembro e novembro o volume dos embarques tiveram uma média mensal alta, na casa das 3 milhões de sacas. “Precisamos esperar os próximos meses para avaliar se é um movimento de retração dos produtores. Mas, até junho, a expectativa é que as vendas externas continuem caindo, mesmo porque não existem estoques de passagem”. Os contratos para exportação podem ser feitos com mais de um mês de antecedência.
O patamar dos estoques públicos é o menor desde 2003, quando a Conab começou a apurar os números da cafeicultura. Estima-se que o volume nos armazéns da estatal sejam de pouco mais de 600 mil toneladas, enquanto o setor privado possui cerca de 5 milhões de toneladas, conforme levantamento feito pela Safras & Mercado. Porém analistas explicam que esse volume vai recuar por causa do crescimento do consumo no Brasil e no mundo. Gil Barabach, analista da consultoria, acrescenta que a crise global que se intensificou a partir de outubro também favoreceu a retração do produtor. “Os preços internacionais caíram e assustaram o produtor. Mesmo com o dólar subindo e remunerando na mesma proporção o mercado interno, o preço lá de fora sempre será o principal motivador”. Por causa da menor cotação nas Bolsas Internacionais, a receita com as exportações do café em janeiro foram prejudicadas e caíram 10% no mês passado, somando US$ 317,6 milhões, de acordo com as informações do Cecafé.
Embora as cotação tenham reagido em relação ao ano passado, o indicador diário do Centro de Estudos Avançados em Economia Agrícola, da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) aponta recuo de 0,7% na saca (60 quilos), cotada em R$ 272,60 para o café arábica tipo 6. Analistas avaliam que a safra deste ano, estimada em 46 milhões de sacas pela Conab, esteja com mais da metade comercializada.