AGRONEGÓCIOS
26/01/2009
Priscila Machado
SÃO PAULO – O anúncio oficial do pacote para os cafeicultores, que será feito nas próximas semanas pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, deverá aprovar a reversão da dívida financeira proveniente de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) em sacas do grão. A medida irá englobar o passivo referente ao custeio e colheita (2008), estocagem (2007 e 2008) e as operações de alongamento.
O valor da dívida do Fundo é da ordem de R$ 2,6 bilhões. Para as demais linhas de capital de giro o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deverá apresentar uma proposta de criação de um grupo de trabalho formado pelos ministérios da Agricultura e da Fazenda e representantes do setor privado para diagnosticar até 30 de junho de 2009 o volume do passivo do setor. Caso a medida seja aprovada, os vencimentos de janeiro a julho deste ano passariam a ser considerados adimplentes até o dia 31 de julho, segundo informações do Conselho Nacional do Café (CNC). Na última semana, houve um novo encontro no Ministério da Fazenda entre lideranças do setor produtivo e técnicos da pasta.
Segundo fontes que participaram da reunião, caso se mantenha um impasse nas negociações para a prorrogação do prazo para quitação das dívidas, os cafeicultores deverão adotar uma nova estratégia, avançando especificamente no lançamento de novos leilões de opções públicas para a venda de café ao governo.
A data prevista para a realização do primeiro leilão seria no mês de abril, quando se inicia a colheita de café. Nessa caso o volume de recursos destinados para estabilizar a situação dos cafeicultores seria de R$ 1 bilhão direcionados a aquisição de 3 milhões de sacas de café cujo preço-base seria R$ 320 a saca.
Essa medida é vista com bons olhos por grande parte dos produtores que temem que os recursos do Funcafé sejam “engessados” caso seja aprovada a prorrogação das dívidas.
“A partir do momento que deixarmos de pagar o Fundo ele para de ser realimentado. Reconheço a dificuldade da cadeia para liquidar esses compromissos, mas no médio e longo o prazo podemos ficar com mais dívidas e sem recursos”, avalia Anselmo Magno Di Paula, gerente comercial da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca (Coocapec). Para ele, o retorno dos leilões é uma opção mais barata e viável, já que a perspectiva de preços para o setor é altista. “Corre-se o risco do governo não precisar comprar nenhum café. O equilíbrio entre oferta e demanda deve fazer o mercado chegar no patamar de R$ 320 a saca”, disse. “Você faz mais com muito menos e não resolve só o problema do endividado”, completou.
No início da década, os Leilões de Opções do Café foram os responsáveis por um aumento de 100% nos preços do grão. No período de julho de 2002 a junho de 2003, os preços da saca variaram de R$ 67 para R$ 135.
Apesar da tendência altista das cotações de café em 2009, a safra menor num cenário de incremento no preços dos insumos acabou por aumentar significativamente o custo por unidade. De acordo com estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os patamares de preços da safra 2008/2009 ficaram abaixo do mínimo necessário para cobrir os gastos com a cultura. Entre julho e dezembro, principal período de comercialização, a média do Indicador mensal Cepea/Esalq do arábica tipo 6 bebida dura para melhor foi de R$ 256,85 a saca, mas segundo levantamento da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), o custo médio da saca nas regiões produtoras foi de R$ 270, enquanto o operacional (somente os desembolsos com a cultura) foi da ordem em R$ 260. “Nesse sentido, os custos acima da remuneração obtida em 2008 podem limitar investimentos neste ano”, afirmou Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea.
De acordo com o boletim do Escritório Carvalhaes, divulgado na última sexta-feira, apesar dos ganhos nas cotações das bolsas de futuro, o ambiente é de desânimo entre os cafeicultores brasileiros. “Os que podem adiam vendas na esperança que a prometida renegociação das dívidas seja aprovada e os preços reajam caminhando para patamares que justifiquem os investimentos necessários à modernização das lavouras e aumento consistente da produção brasileira”, destacou o relatório.
SÃO PAULO – O anúncio oficial do pacote para os cafeicultores, que será feito nas próximas semanas pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, deverá aprovar a reversão da dívida financeira proveniente de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) em sacas do grão. A medida irá englobar o passivo referente ao custeio e colheita (2008), estocagem (2007 e 2008) e as operações de alongamento.
O valor da dívida do Fundo é da ordem de R$ 2,6 bilhões. Para as demais linhas de capital de giro o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deverá apresentar uma proposta de criação de um grupo de trabalho formado pelos ministérios da Agricultura e da Fazenda e representantes do setor privado para diagnosticar até 30 de junho de 2009 o volume do passivo do setor. Caso a medida seja aprovada, os vencimentos de janeiro a julho deste ano passariam a ser considerados adimplentes até o dia 31 de julho, segundo informações do Conselho Nacional do Café (CNC). Na última semana, houve um novo encontro no Ministério da Fazenda entre lideranças do setor produtivo e técnicos da pasta.
Segundo fontes que participaram da reunião, caso se mantenha um impasse nas negociações para a prorrogação do prazo para quitação das dívidas, os cafeicultores deverão adotar uma nova estratégia, avançando especificamente no lançamento de novos leilões de opções públicas para a venda de café ao governo.
A data prevista para a realização do primeiro leilão seria no mês de abril, quando se inicia a colheita de café. Nessa caso o volume de recursos destinados para estabilizar a situação dos cafeicultores seria de R$ 1 bilhão direcionados a aquisição de 3 milhões de sacas de café cujo preço-base seria R$ 320 a saca.
Essa medida é vista com bons olhos por grande parte dos produtores que temem que os recursos do Funcafé sejam “engessados” caso seja aprovada a prorrogação das dívidas.
“A partir do momento que deixarmos de pagar o Fundo ele para de ser realimentado. Reconheço a dificuldade da cadeia para liquidar esses compromissos, mas no médio e longo o prazo podemos ficar com mais dívidas e sem recursos”, avalia Anselmo Magno Di Paula, gerente comercial da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca (Coocapec). Para ele, o retorno dos leilões é uma opção mais barata e viável, já que a perspectiva de preços para o setor é altista. “Corre-se o risco do governo não precisar comprar nenhum café. O equilíbrio entre oferta e demanda deve fazer o mercado chegar no patamar de R$ 320 a saca”, disse. “Você faz mais com muito menos e não resolve só o problema do endividado”, completou.
No início da década, os Leilões de Opções do Café foram os responsáveis por um aumento de 100% nos preços do grão. No período de julho de 2002 a junho de 2003, os preços da saca variaram de R$ 67 para R$ 135.
Apesar da tendência altista das cotações de café em 2009, a safra menor num cenário de incremento no preços dos insumos acabou por aumentar significativamente o custo por unidade. De acordo com estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os patamares de preços da safra 2008/2009 ficaram abaixo do mínimo necessário para cobrir os gastos com a cultura. Entre julho e dezembro, principal período de comercialização, a média do Indicador mensal Cepea/Esalq do arábica tipo 6 bebida dura para melhor foi de R$ 256,85 a saca, mas segundo levantamento da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), o custo médio da saca nas regiões produtoras foi de R$ 270, enquanto o operacional (somente os desembolsos com a cultura) foi da ordem em R$ 260. “Nesse sentido, os custos acima da remuneração obtida em 2008 podem limitar investimentos neste ano”, afirmou Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea.
De acordo com o boletim do Escritório Carvalhaes, divulgado na última sexta-feira, apesar dos ganhos nas cotações das bolsas de futuro, o ambiente é de desânimo entre os cafeicultores brasileiros. “Os que podem adiam vendas na esperança que a prometida renegociação das dívidas seja aprovada e os preços reajam caminhando para patamares que justifiquem os investimentos necessários à modernização das lavouras e aumento consistente da produção brasileira”, destacou o relatório. Priscila Machado