São Paulo, 23 de Janeiro de 2009 – O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, reconheceu que os resultados da balança comercial brasileira podem ficar muito aquém do desejável neste início de ano. “Os dados de comércio exterior podem até ser piores que os da economia brasileira”, admitiu ontem em São Paulo, em seminário sobre comércio exterior, na Câmara Americana de Comércio.
Essa retração, disse o secretário, é reflexo de uma sazonalidade já tradicional nesta época do ano, mas ocorre principalmente devido à crise econômica internacional, detonada em meados de setembro pela quebra do banco norte-americano Lehman Brothers. Segundo Barral, as exportações estão caindo porque houve uma redução da demanda externa em alguns setores, e também porque a escassez generalizada de linhas de financiamento ao comércio exterior, entre os meses de outubro e novembro, acabou interferindo nos embarques deste início de ano.
As cotações das commodities, base das exportações nacionais, não atrapalham tanto, na opinião de Barral. “Os preços até caíram em relação ao seu pico de junho e julho, mas, na média, as cotações estão se mantendo”, comentou.
Diante da crise, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) prefere não arriscar previsões para a balança comercial de 2009. O órgão se limita a desenhar cinco cenários, sendo que o mais pessimista sinaliza exportações de US$ 158 bilhões, e o mais otimista, de US$ 202 bilhões – no ano passado as vendas externas totalizaram US$ 197,9 bilhões. “Só a partir de abril teremos uma visão mais clara sobre a crise e o tempo de recuperação”, afirmou Barral.
No cenário mais otimista, os técnicos da Secex consideram que preços e volumes de exportação ficarão em linha com os do ano passado. A projeção também está condicionada à manutenção da demanda internacional e à não-ascensão do protecionismo. “O protecionismo é algo comum no comércio exterior, mas piora muito em tempos de crise”, afirmou Barral. Quanto aos fatores internos, assinalou o secretário, o cenário mais otimista só se confirmará com a conquista de novos mercados e o aumento da competitividade das exportações brasileiras. “Há um esforço grande da Secex no sentido de diversificar a pauta de exportações, agregar valor e exportar serviços”, concluiu Barral.