Renda menor no ano que vem

15 de dezembro de 2008 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: ESTADO DE MINAS

Faturamento no campo deve cair 6,9% em 2009. Para este ano, previsão ainda é de crescimento de 15,9%


Expectativa é de recuo de 18,6% na renda do algodão na próxima safra


O faturamento da atividade agrícola deve cair 6,9% em 2009 para R$ 153,3 bilhões, conseqüência da queda dos preços das commodities no mercado interno e da expectativa de uma safra menor no ano que vem, informou o Ministério da Agricultura. É a primeira vez que o governo divulga uma previsão para a renda agrícola no próximo ano. O cálculo é feito com base no Valor Bruto da Produção (VBP) de 20 produtos agrícolas. O ministério também divulgou uma previsão para o resultado deste ano, que deve ser de R$ 164,6 bilhões, crescimento de 15,9% se comparado ao faturamento de 2007. A inflação já foi descontada dos cálculos, explicou o coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques.


Gasques disse que a expectativa é de redução na produção de várias lavouras, perspectiva confirmada pelos números divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No caso do algodão, a expectativa é de recuo de 18,6% na renda, de R$ 4,26 bilhões este ano para R$ 3,47 bilhões no ano que vem. A Conab estimou queda de 20,8% na produção de algodão na safra atual, 2008/09.


Também há previsão de queda na produção de milho. A expectativa dos técnicos da estatal é de recuo de 7,4% na produção na safra de verão. No caso do milho, a expectativa do ministério é de recuo de 21% na renda, de R$ 24,80 bilhões este ano para R$ 19,56 bilhões em 2009. Para a soja, o recuo de 2% na produção vai representar queda de 5,7% na renda da lavoura, de R$ 44,44 bilhões para R$ 41,90 bilhões.


O governo também informa que haverá redução na produção de café, cuja renda vai cair 3%; cebola (-14%), laranja (-13,7%) e trigo (-32,4%). “Esses cálculos foram feitos com base em prognósticos e podem sofrer alterações no decorrer do ano”, lembrou Gasques.


CANA, TRIGO E CAFÉ PUXAM PIB


O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no terceiro trimestre aumentou 6,4% ante igual período do ano passado, puxado especialmente pela cana-de-açúcar (17,4%), café (28,3%) e trigo (41,3%), produtos que têm colheita nesta época do ano. Na comparação com o segundo trimestre deste ano, o PIB agropecuário aumentou 1,5%. A gerente de contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis, explicou que, caso o ano tivesse terminado em setembro, a agropecuária teria sido o grande destaque entre os setores da economia, em termos de magnitude de crescimento.


O setor registrou uma alta acumulada de 7,2% no PIB no acumulado de 12 meses até setembro, acima da indústria (5,8%) e dos serviços (5,7%). O bom desempenho reflete a safra recorde, de 145,7 milhões de toneladas, 9,4% acima do ano passado, prevista pelo IBGE para 2008.


Para o professor do Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ), Mauro de Rezende Lopes, a forte queda dos preços do milho e da soja nos últimos dois meses, em função da crise financeira internacional, que derrubou as cotações das commodities nas bolsas de futuros, não deve afetar o desempenho do PIB este ano. “Milho e soja mais baratos significam maior produção de aves e suínos”. Lopes informa que, ao todo são 11 novos frigoríficos de aves e suínos que estão em fase final de implantação no país.


EXPORTAÇÕES EM ALTA


Números divulgados pelo Ministério da Agricultura mostram que a crise financeira internacional ainda não se refletiu nas exportações de produtos agrícolas. Em novembro, os embarques do agronegócio renderam US$ 5,1 bilhões, aumento de 3,3% em relação ao mesmo mês de 2007. O superávit da balança comercial foi de US$ 4,17 bilhões no mês passado, contra US$ 4,13 bilhões em novembro de 2007. A receita cambial obtida com os embarques do complexo soja – grão, farelo e óleo – cresceu 26,3%, para US$ 798,2 milhões. Os embarques do setor sucroalcooleiro avançaram 59% e as vendas de café, 21%. As dos produtos apícolas tiveram destaque, atingindo US$ 4 milhões, alta de 151,7% em relação ao valor exportado em novembro 2007.
 

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