São Paulo, 4 – O diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), Guilherme Braga, informa que o setor continua a enfrentar problemas na contratação de crédito por meio de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC). Segundo ele, as linhas existem, mas o custo é elevado e os bancos tendem a disponibilizar menos do que o volume demandado.
Estima-se que, em média, as taxas subiram de cerca de 3% para 7% a 8%, para empresas exportadoras tradicionais, com demanda por volumes significativos. Pequenas empresas pagam juros de até 18% ante 12% a 14% antes da crise. Os prazos, no entanto, continuam dentro do normal para o setor, que é de 180 dias. “Os exportadores têm de se adaptar a essa nova realidade”, diz Braga.
O diretor geral comenta que o câmbio no atual nível favorece a exportação de café. O problema é que a alta volatilidade atrapalha o comércio. Por volta das 16h23, dólar era cotado a R$ 2,5775, em alta de 2,1%. Segundo Braga, seria mais vantajoso uma taxa até mais baixa, desde que a volatilidade fosse menor. “Essa instabilidade não é boa e atrapalha os negócios”, observou. Ele considera que o câmbio só deve se acalmar quando o fluxo de saída de capital também serenar.
Braga pondera que a crise ainda não trouxe maiores reflexos para o mercado de café, além dos já citados problemas de crédito e câmbio. “No exterior não se vê uma redução do mercado”, salienta. No entanto, o aumento do desemprego e a recessão certamente trarão outros impactos. “Mas o café deve ser um dos últimos a ser afetado pela crise, por causa do baixo valor e por estar integrado à dieta”, avalia.
Ele explica que a exportação do Brasil em 2009 deve ser inferior a deste ano, em virtude da menor oferta esperada. Na próxima segunda-feira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgará a primeira estimativa para a safra de café de 2009. “A partir dai será possível analisar a perspectiva para o ano que vem”, diz. Este ano, o Brasil deve exportar cerca de 28,5 milhões de sacas de 60 kg. Levando em conta o comportamento dos preços e o fluxo da oferta, o Cecafé trabalha com oferta de 50 milhões de sacas na safra deste ano. A Conab, porém, estima a safra em 45,85 milhões de sacas. (Tomas Okuda)