O Brasil, maior produtor de café do planeta (safra estimada, este ano, em 46 milhões de sacas de 60 quilos), responsável pela metade da produção mundial e também o maior exportador (28,34 milhões de sacas exportadas nos últimos 12 meses, com receita de US$ 4,5 bilhões, segundo dados divulgados nesta quinta-feira), está na iminência de importar café.
O senador Gerson Camata (PMDB-ES) denunciou a intenção dos torrefadores brasileiros de fazerem importações do Vietnã para utilizarem na produção de solúvel. O parlamentar explicou à coluna que tal operação será extremamente danosa à cafeicultura brasileira, por introduzir no território nacional um produto de péssima qualidade, que depois será reexportado como se fosse Made in Brazil. E mais: os vietnamitas usam nas lavouras, do gênero robusta, pesticidas proibidos no mundo inteiro. Tais venenos, mesmo assim, não conseguem eliminar inteiramente um grupo de pragas que ataca os cafezais. Como resultado, é fácil prever que o café vietnamita irá, ao mesmo tempo, piorar a avaliação do café brasileiro e introduzir no País pragas de difícil erradicação. É lamentável que, enquanto os produtores nacionais se esforçam, a cada safra, para aprimorar a qualidade do café, os torrefadores aleguem que precisam melhorar o “blend”, ou seja, a qualidade da mistura usada para a produção do solúvel, apoiando-se em pareceres técnicos duvidosos. Segundo Camata, é impatriótico sabotar a qualidade de um produto símbolo da economia agrícola nacional.