O consumo de café cresce no Brasil em proporção maior que no restante do mundo. Para este ano estima-se que o consumo brasileiro será de 18,1 milhões de sacas, aumento de 5,8% em relação as 17,1 milhões de sacas consumidas em 2007. Em entrevista ao site Café e Mercado, Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), disse que a ABIC tem como meta chegar a 2010 com um mercado interno de 21 milhões de sacas, números esses que deixariam o país como maior produtor, exportador e também o maior país consumidor de café do mundo, posto tradicionalmente ocupado pelos Estados Unidos.
Atribuímos esse crescimento consistente do consumo a um conjunto de fatores que se repete há anos, de forma consistente e duradoura. Entre estes fatores estão:
– Melhoria contínua da qualidade do café oferecido aos consumidores, com base no Selo de Pureza e no PQC – Programa de Qualidade do Café, lançado pela ABIC no final de 2004 e que, atualmente, já certifica mais de 250 marcas em todo o Brasil. Em 2008, o PQC se complementou com o Programa Cafés Sustentáveis do Brasil, que oferece uma garantia de certificação completa desde a lavoura até a xícara, para cafés produzidos de forma sustentável. Além disso, as casas de café ganharam um programa de qualificação, o Círculo do Café de Qualidade – CCQ, com o qual a ABIC deseja estimular o consumo de café fora do lar, sempre com melhor qualidade;
– Consolidação do mercado de cafés tipo gourmet ou especiais, e crescimento do consumo fora do lar o que desperta cada vez mais atenção, interesse e curiosidade para o produto junto aos consumidores;
– Melhora significativa da percepção do café quanto aos aspectos dos benefícios do café para a saúde. Tal melhoria pode ser creditada aos grandes investimentos no Programa Café e Saúde.
– Melhora das condições econômicas no Brasil, com aumento do consumo e do poder de compra da população, expansão da massa salarial, empregabilidade e crescimento do contingente de consumidores que migraram das classes D e E para a classe C.
Os consumidores nos últimos tempos mudaram o hábito de consumo, assim como suas preferências. Aumentou a preocupação com a qualidade do café, principalmente em relação a fatores como sabor, aroma e higiene do produto. Está em expansão o percentual de pessoas dispostas a pagar mais caro por cafés de qualidade.
De acordo com entrevista concebida ao Café e Mercado, Herszkowicz disse que os programas da ABIC têm sido fundamentais na educação dos consumidores, mostrando que café não é tudo igual e que há diferentes qualidades e preços.
“O consumo de cafés finos, gourmets, tem crescido na média de 15% a 20% ao ano. Em 2007, do consumo total de café torrado e moído (17,1 milhões de sacas), os cafés gourmets representaram 4% (600 mil sacas). O volume pode parecer pequeno, mas em valor, o segmento gourmet representa de 7% a 8% das vendas totais (que foram de R$ 6,4 bilhões em 2007). A tendência é de crescimento do segmento dos cafés gourmets, mas mantendo-se as devidas proporções. Pesquisa realizada pelo Sindicafé-SP mostra, por exemplo, que a área de exposição e venda nos principais supermercados paulistanos está assim dividida, em média: 81% categoria Tradicional e 19% cafés finos/premium (13% Gourmet e 6% Superior). A ABIC pretende que esse mercado em 2010, quando estimamos ter um consumo interno de 21 milhões de sacas, esteja assim dividido: 55% Tradicional e 35% cafés finos/premium (10% gourmet e 25% superiores)”, complementou.
Finalizando, Herszkowicz disse que a questão da Sustentabilidade é uma exigência do planeta. “Produção, indústria e comércio podem e devem trabalhar respeitando todos os aspectos da sustentabilidade: econômica, social e ambiental”, ressaltou.
Café e Mercado