Vai um cafezinho aí?
Vamos beber um cafezinho? A proposta – geralmente formulada ou entre amigos ou para quebrar o gelo entre estranhos, deixando-os mais à vontade tanto nas relações comerciais como nas pessoais – é um hábito enraizado no Brasil, quase tão popular quanto o futebol e a cerveja. E, como tal, pode ser efetivado em qualquer padaria ou boteco da esquina. Há um pouco mais de dez anos, porém, as opções para o cafezinho se tornaram mais sofisticadas, com a chegada à cidade das cafeterias inspiradas em modelos europeus.
Uma dessas opções é a rede Armazém do café, de propriedade do empresário Marcos Modiano. Ele explica que a idéia surgiu depois de observar que as cafeterias eram sempre bem freqüentadas nos países europeus: “Sempre que viajava à Europa me deparava com inúmeras casas de café. Então, pensei: por que não existia uma casa especializada no Brasil, onde tínhamos tudo de café? Diante disso, inauguramos nossa primeira filial, há exatamente 11 anos, na Rua Maria Quitéria, em Ipanema.”
Em 2001, foi a vez de Cristina Beltrão entrar para o ramo, ao inaugurar o café Bazzar, no Centro da cidade. Cristina diz que as variações do café no Brasil são recentes, de cinco anos para cá é que vem tomando outras formas. “Em 2002, as pessoas começaram a fazer, com cremes ou espumas, enfeites nas xícaras de café. Além disso, surgiram os drinques de café com vodca, cachaça, sorvete e chocolate. Hoje, temos também os cafés aromatizados e gelados e a cada ano surge uma novidade”.
As mudanças no setor não ficaram apenas na forma de preparar o café.
Chegaram quase que como conseqüência da sofisticação dos clientes, que estão cada vez mais exigentes, sobretudo pela qualidade. Cristina acrescenta: “O consumidor já sabe que um expresso bem tirado tem que ter espuma, a menos que ele prefira sem. Um simples café, para estar perfeito, não pode ter acidez, podendo ser tomado sem açúcar. O cliente identifica essas características, reclamando quando o café não está bom.”
Desenhos de coração e diversas figuras ajudam a dar vida ao que antes era um simples cafezinho. Com eles, surgem os ingredientes exóticos e diversificados. Definitivamente, os cafés não pararam no tempo e a prova disso são as variedades do produto encontradas nas cafeterias. No café Bazzar, os apreciadores do bom café podem saborear tanto o exótico coquetel B – preparado com licor de café, vodca, sorvete de creme com maracujá e chantilly – quanto um simples café expresso. São muitas as variedades, e os preços acompanham as novidades.
No Armazém do café, por exemplo, o cliente que pedir um expresso vai pagar R$ 2,80. Já aqueles que optarem por algo mais excêntrico, como o café vienense – preparado com café expresso, sorvete de creme e chantilly – desembolsarão R$ 13,80. Embora o preço possa parecer salgado para alguns, os fãs dos drinques de café garantem que o sabor compensa.
A estilista Bell Camargo se declara uma grande consumidora das novidades. “Descobri o drinque de café em um passeio casual pelo shopping e, hoje, não consigo deixar de tomar pelo menos um por semana. Meu preferido é o café com sorvete, chantilly e calda de caramelo. O gosto é maravilhoso.”
Tanta inovação no setor proporcionou o surgimento de profissionais especializados. São os baristas, conhecedores de cafés de alta qualidade que acompanham a evolução do produto, desde o cultivo da planta até ela chegar à sua xícara. São eles que criam os drinques à base do café. Na opinião de Cristina Beltrão, o barista precisa ser respeitado como um profissional de credibilidade na arte de fazer café. “Quando inauguramos nosso Bazzar em 2001, muitos procuravam especializações e cursos na área. O barista não é simplesmente a pessoa que tira café. Ele deve saber manusear a máquina, conservar o equipamento e conhecer a fundo os grãos e suas peculiaridades”, enfatiza.
Estudos realizados no Brasil, Estados Unidos, Europa e Japão revelam que o café pode fazer muito bem à saúde. Os pesquisadores descobriram que o café funciona como um estimulante natural, favorecendo os desempenhos intelectuais, como atenção, concentração e memória. Segundo os resultados das pesquisas, o consumo de até cinco xícaras por dia contribui na prevenção de várias doenças, como o câncer de cólon, doenças degenerativas (Parkinson), problemas respiratórios, circulatórios e enxaquecas. É importante ressaltar que, qualquer alimento consumido de forma exagerada, faz mal à saúde. Por isso, o café deve ser consumido moderadamente. Os benefícios do café já são tão visíveis que uma lei em tramitação no Senado Federal garante o café como parte do cardápio da merenda escolar. Criado em 2006, o Programa café na Merenda, desenvolvido pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de café), tem como objetivos: aumentar os hábitos da alimentação saudável; divulgar os benefícios à atividade intelectual, ao aprendizado escolar e prevenção de doenças; desenvolver pesquisa científica correlacionando o consumo de café com melhoria do aprendizado escolar.
A advogada aposentada Marli Guimarães garante que tomar café para ela sempre foi um hábito saudável. “Sempre tomo um carioca depois do almoço. O cafezinho é um estimulante que me ajuda a realizar as tarefas do dia-a-dia. Quando era mais jovem, costumava tomar café para estudar e fazer negócios. O café é mágico, é um brinde à vida!”.