São Paulo, 3 – O mercado futuro de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) inicia o mês de novembro na perspectiva de confirmar recuperação. Mas o ambiente macroeconômico, no entanto, ainda não inspira confiança. O risco de recessão paira no ar e a crise no sistema financeiro parece longe do fim. O mês de outubro precisa ser esquecido. O contrato com vencimento em dezembro acumulou desvalorização de cerca de 12% no mês passado. Desde janeiro, a perda é de cerca de 22%.
O horário de verão terminou no Estados Unidos no fim de semana. A partir de hoje, Nova York estará três horas a menos do horário de Brasília.
O contrato futuro de café para dezembro n ICE encerrou com boa alta na Sexta-feira na ICE. Houve alta de 1,8% (mais 200 pontos), a 113 cents. A mínima marcou 185 pontos, a 109,15 cents. A máxima foi de 270 pontos, a 113,70 cents. Segundo um operador da Terra Futuros, fundos de investimento defenderam posição, no último dia útil de outubro, favorecendo os preços, “para dar um ar de menos estragos nas contas”, diz.
Mesmo assim, esses participantes continuam com saldo líquido vendido na ICE. Conforme relatório da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), divulgado sexta-feira, os fundos reduziram o saldo líquido vendido de 9.192 lotes no dia 21 de outubro para 7.626 lotes no dia 28. Os fundo de índice também continuam a reduzir, só que é o saldo líquido comprado, passado de 42.658 lotes para 39.698 lotes no período.
O operador acrescenta que a proposta de retirada de 6 milhões de sacas de café do mercado, anunciada na semana passada pelo Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC), contribui para sustentar os preços. A medida, porém, carece de aprovação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Tecnicamente, os contratos continuam com tendência baixista. A resistência é de 114,75 cents e o suporte é de 105,05 cents. Conforme a fonte, mesmo que subam, os preços devem encontrar dificuldade para dar seqüência á alta acima de 120 cents.
Vendedor se afasta do mercado físico
O mercado físico de café ficou lento na sexta-feira, por causa da falta de vendedores. Segundo um corretor de Santos (SP), a proposta de retirada de cerca de 6 milhões de sacas de 60 kg do mercado, por meio de estocagem do produto, fez com que os produtores adotassem posicionamento retraído, à espera de mais informações sobre a medida.
Em princípio, a proposta tem como base o atual sistema de financiamento de estocagem com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), mas com algumas inovações. Entre as principais mudanças, está o acesso de torrefadores e exportadores ao crédito, hoje restrito às cooperativas e produtores. Outro ponto de destaque é a possibilidade de alongar o financiamento automaticamente, depois de seis meses, desde que o preço da saca no mercado esteja abaixo de R$ 306 na época do vencimento. Atualmente, 50% do financiamento deve ser liquidado depois de seis meses, qualquer que seja o preço do café no mercado.
Mas o exportador também não demonstrava muito interesse de compra no mercado físico. A Stockler era uma das poucas firmas mais ativas no dia de hoje.
Conforme a fonte, nem a melhora nos preços, em cerca de 5 reais em cada saca, atraiu os participantes. As cotações subiram em virtude da alta dos contratos futuros de arábica na Bolsa de Nova York, que fecharam a 113 cents (mais 1,8%). A desvalorização do real em relação ao dólar também ajudou a puxar os preços. A moeda norte-americana avançou 2,5%, a R$ 2,1560, melhorando a competitividade do produto nacional.
O comentário na praça de Santos é que café tipo 6, bebida dura para melhor, com 12% de catação, tinha oferta de comprador a R$ 255 a saca. No entanto, nenhum negócio foi confirmado nessa base de preço.
O valor à vista em reais do indicador do café Arábica calculado pela Esalq ficou na sexta-feira em R$ 253,13/saca (+0,73%). Em dólar, o valor ficou em US$ 117,41/saca (-1,75%). A prazo, a cotação ficou em R$ 254,63/saca (+0,72%).
Na BM&F de São Paulo, os contratos futuros de arábica encerraram em alta, acompanhando Nova York. Dezembro fechou em alta de 2,30, a US$ 130 a saca (mais 6 dólares na semana). março/09 subiu 1,40, a US$ 136,40 a saca (mais 6,40 dólares na semana).
A BM&F informa que a partir de hoje adotará novos horários de negociação para os contratos derivativos referenciados em café arábica, em virtude do fim do horário de verão nos EUA. Assim, o GTS vai funcionar das 9 às 16h30. O after Hours das 17 às 18 horas. Já o pregão viva-voz vai operar das 11h30 às 16h30, enquanto o call de fechamento será também às 16h30.
Levantamento preliminar do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os embarques de grãos verdes em outubro, até sexta-feira, alcançam 2.527.502 sacas, em alta de 7,1%, em relação ao observado no mesmo período do mês anterior. Em setembro foram embarcadas 2.653.913 sacas.
Em outubro, até sexta, foram emitidos certificados de origem de 2.934.291 sacas, resultado 17,8% maior em comparação com o mesmo período do mês anterior.