Frustração na qualidade da produção só poderá ser confirmada em fevereiro e março de 2025
Por Globo Rural
O período pós-chuvas registrou o florescimento de muitas plantas de café em origens produtoras no Brasil. Entretanto, produtores preferem ficar atentos para verificar se a florada “vai gerar pegamento”, etapa que evolui para o surgimento do fruto que se tornará grão.
A florada do café está diretamente relacionada com a produção da planta. É a fase que marca o fim do desenvolvimento vegetativo e o início do período reprodutivo, dando origem ao fruto (chumbinho) até ter a maturação e o grão formado.
Segundo Valmor Santos Filho, produtor de cafés especiais no sul de Minas, é prematuro estimar números sobre a queda da produção total, pois há esperança de “pegamento” se as chuvas se mantiverem nos próximos 15 dias. Porém, as precipitações não podem vir em abundância, pois podem fazer as flores cair mais rápido do que o necessário para o “pegamento”.
O analista de café do Rabobank Guilherme Morya concorda que haverá uma frustração na qualidade da produção do ciclo 2025/26, mas que isso só poderá ser confirmado em fevereiro e março do próximo ano.
“O período seco de abril a setembro deste ano conturbou a próxima safra do grão (2025/26) [que está em pleno desenvolvimento] e, na nossa visão, já trouxe impacto na colheita do ano que vem. Já existe uma perda de produtividade, sendo a Alta Mogiana e o Cerrado Mineiro as áreas mais impactadas em detrimento de outras origens produtoras”, explicou em evento do banco holandês, realizado nesta quarta-feira (30/10).
Por outro lado, observou, a florada que se abriu dá “ânimo para o potencial produtivo do país”, ainda que o analista preveja uma safra menor do que a estimada para 2023/24, que acabou de terminar e deve chegar a 68 milhões de sacas colhidas, segundo as projeções do banco.
Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP acreditam que as chuvas das últimas duas semanas melhoram as expectativas do produtor e o colocam à prova para tomar todas as medidas necessárias e possíveis de manejo conservacionista para assegurar uma produtividade acima da média na safra 2025/26.
Segundo a análise divulgada nesta quarta-feira, o “momento agora é de intensificar os tratamentos visando transformar a maior quantidade possível dessas flores em carga para o ano que vem”.
Os pesquisadores enfatizam que, para que o “pegamento” ocorra de forma satisfatória, “é fundamental a continuidade das chuvas”. Caso contrário, pode haver o abortamento das flores e dos chumbinhos, acarretando em mais perdas significativas na próxima temporada.
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