Probióticos ajudam a controlar doenças e promovem crescimento em mudas de café

A aplicação dos probióticos pode reduzir ou substituir o uso de defensivos químicos nas lavouras de café

21 de outubro de 2024 | Sem comentários Novas Técnicas Produção

Por Canal Rural

Estudos recentes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do Instituto Biológico de São Paulo (IB) e da Embrapa indicam que probióticos podem ser aliados importantes no controle de doenças e na promoção do crescimento de mudas de café.

Testes com dois probióticos comerciais formulados com Bacillus (Colostrum BIO 21 MIX e Colostrum BS), mostraram redução significativa na severidade de doenças do cafeeiro como ferrugem, mancha de phoma e mancha aureolada. Além disso, esses probióticos estimularam o desenvolvimento das mudas do cafeeiro.

De acordo com Guilherme de Freitas, que concluiu seu mestrado pela Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, os probióticos foram particularmente eficazes contra a ferrugem do cafeeiro, reduzindo sua severidade em até 95% nas mudas.

O produto Colostrum BIO 21 MIX contém uma mistura de Bacillus subtilis e várias bactérias do ácido lático (Lactobacillus spp, Enterococcus faecium e Pediococcus acidilactici entre outras) enquanto o Colostrum BS é composto apenas por células de Bacillus subtillis.

Além do controle de doenças, explica Freitas, os probióticos promoveram o crescimento das mudas de café, aumentando a massa fresca e seca da parte aérea, o volume radicular e a área foliar, o que pode estar relacionado à produção de fitohormônios pelas bactérias, bem como ao aumento na disponibilidade de nutrientes como fósforo e potássio do solo.

Wagner Bettiol, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (SP), destaca que a aplicação de probióticos também foi eficaz no controle de outras doenças. No caso da mancha de phoma, os probióticos Colostrum BIO 21 MIX e Colostrum BS reduziram a severidade em até 79%, enquanto para a mancha aureolada, a redução chegou a 56%.

Ferrugem impõe perdas de até 50%

O café, uma das culturas de maior importância nacional, é suscetível ao ataque de doenças que afetam diretamente a sua produtividade. Altos índices de severidade da ferrugem, principal doença da cultura, podem resultar em perdas de produção que variam de 35% a 50%, afirma a pesquisadora do Instituto Biológico Flavia Patrício, que também participou da pesquisa.

Ela conta que o uso de consórcios microbianos, como o presente no BIO 21 MIX, mostra-se promissor, pois combina microrganismos que atuam de forma sinérgica. A sua aplicação preventiva pode oferecer uma alternativa sustentável ao uso de agrotóxicos, contribuindo para a sanidade e a produtividade das plantações de café, uma vez que não existe produto biológico recomendado para o controle da mancha de phoma até o momento, de acordo com o Agrofit 2023. Contudo, há necessidade de se comprovar a sua eficiência no campo e a sua viabilidade econômica.

Como funcionam os probióticos nos cafezais

As bactérias do ácido lático produzem compostos como ácidos acético, lático e propiônico que são considerados determinantes na atividade antifúngica. Após serem administrados, os probióticos competem e impedem a adesão dos patógenos, produzem compostos antimicrobianos e estimulam a proliferação da microflora benéfica, além de também atuarem modulando o sistema imunológico do hospedeiro, no caso, o cafeeiro.

A utilização desses consórcios pode melhorar a saúde e a vitalidade das mudas de café desde as fases iniciais do cultivo, preparando-as para um crescimento mais vigoroso e sustentável quando transplantadas para o campo, estratégia que pode contribuir para o aumento da produtividade.

“Vale ressaltar também que as bactérias do ácido lático presentes nos probióticos são reconhecidas como seguras conforme estabelecido pela Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA), e pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), portanto, podem ter maior agilidade para serem registrados para o segmento agrícola, ao serem comparados com produtos formulados com outras espécies ainda não estudadas”, explica Freitas.

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