Porto Alegre, 11 de outubro de 2024 – A comercialização da safra brasileira de café 2024/25 chegou a 62% até o último dia 09 de outubro, com um avanço de 6 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Mesmo com um fluxo de vendas arrefecido, as vendas totais continuam acima do mesmo período do ano passado, quando os produtores haviam vendido 56% da safra. As negociações também estão acima da média dos últimos 5 anos (2019 a 2023), que aponta vendas de 60% da produção. O levantamento parte de Safras & Mercado.
O consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, destaca que o produtor brasileiro voltou a acelerar as vendas de arábica, mas reduziu o ritmo das negociações de café robusta/conilon. “O preço elevado do café arábica, repercutindo a tensão climática causada pela falta de chuvas no Brasil, atraiu mais vendedores. A liquidação de posições antecipadas (vendas futuras) em setembro também ajudou a dar mais dinâmica aos negócios. O tombo na bolsa de NY foi amenizado pelo dólar alto, o que manteve as cotações próximas das máximas e favoreceu a realização dos negócios”, aponta Barabach. Ele observa que a performance foi prejudicada pelo ritmo lento de vendas de robusta/conilon, especialmente a partir da queda das cotações e do sumiço dos vendedores.
As vendas de café arábica alcançam 58% da produção, superando o mesmo período do ano anterior (52%), mas ainda ligeiramente aquém da média de vendas dos últimos 5 anos, que gira em torno de 58%. Destaca-se o forte avanço das negociações junto às cooperativas, que, no Sul de Minas, apontam comprometimento entre 68% e 70% do total recebido. “Apesar da recente queda, o cenário de preços continua favorável ao vendedor, o que justifica a estratégia de seguir escalonando seu fluxo comercial. O produtor só deve alterar essa postura diante de uma queda muito mais acentuada nos preços”, indica Barabach.
“A comercialização de café conilon perdeu ritmo, com os produtores encolhendo as mãos diante da queda acentuada dos preços. O produtor está bem capitalizado e com um elevado percentual da safra já comprometido, o que favorece essa postura mais cautelosa”, comenta o consultor. Ele diz ainda que a demanda externa também perdeu agressividade, contribuindo com lentidão dos negócios. O recuo no diferencial de venda externo de origens asiáticas tornou o café dos concorrentes mais competitivo em relação ao robusta/conilon brasileiro, reduzindo o interesse de compra na exportação. Mesmo com a queda no preço do robusta/conilon, ele ainda segue caro para a indústria local, coloca Barabach.
As vendas antecipadas da safra 2025 do Brasil continuam bem tímidas, apesar dos preços atrativos e do risco de queda com o retorno das chuvas. “As dúvidas produtivas, decorrentes do atraso na colheita e do longo período de seca e temperaturas elevadas, explicam essa postura mais conservadora dos produtores”, diz Barabach. A ideia preliminar é que as vendas da safra 2025/26 do Brasil girem em torno de 10% do potencial produtivo, com vendas de arábica alcançando 15% da próxima safra. As vendas de café arábica estão abaixo do mesmo período do ano passado, quando giravam em torno de 23% e também abaixo da média dos últimos 3 anos, algo como 20% do potencial produtivo.
Mais informações disponíveis no relatório semanal de café na plataforma Safras (www.safras.com.br).
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Safras News