ICE Futures abre semana à mercê do sistema financeiro

27 de outubro de 2008 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: AGENCIA ESTADO

São Paulo, 27 – A última semana de outubro se inicia sem que haja qualquer motivo para comemoração no mercado futuro de café arábica da Bolsa de Nova York (ICE Futures US), a não ser o fato de que finalmente um mês negro se encerra. O contrato com vencimento em dezembro, o mais líquido, acumula perda de 17% no mês, ou de 26% no ano.


Os preços do café continuam atrelados aos desempenho do mercado financeiro, que está sob forte pressão pelo risco de recessão global. Na Sexta-feira pela manhã, os mercados estavam em polvorosa, com mais um indicador negativo. Foi anunciado que a economia britânica teve contração de 0,5% no terceiro trimestre, a primeira desde o segundo trimestre de 1992 e o maior declínio desde o quarto trimestre de 1990.


Os contratos de café na ICE, base dezembro, chegaram a marcar mínima de 380 pontos, a 106,30 cents. Ao longo da sessão, porém, o mercado até se recuperou. A máxima foi de 185 pontos, a 111,95 cents. Dezembro encerrou em queda de 1,32% (menos 145 pontos), a 108,65 cents.


Os fundos de investimento continuam a liquidar posição no mercado de commodities. A aversão ao risco empurra investidores para aplicações mais seguras como títulos do Tesouro norte-americano e moedas fortes.


No café, a saída dos fundos encolhe o mercado. O número de contratos em aberto reduziu para 129.213 lotes em aberto no dia 21 de outubro. O saldo líquido vendido desses participantes reduziu levemente na semana, conforme relatório da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), divulgado Sexta-feira. No dia 21 de outubro, os fundos estavam vendidos em 9.192 lotes. No relatório anterior, do dia 14, os fundos estavam com saldo líquido vendido de 9.618 lotes.


O fortalecimento do dólar também pressiona os preços do café. A moeda norte-americana chegou a se a aproximar de R$ 2,40, mas recuou com os leilões do Banco Central. O petróleo também caiu, mesmo com a decisão da Opep de cortar a produção em 1,5 milhão de barris diários, redução considerada insuficiente pelos mercados para conter a queda da demanda.


Tecnicamente, os contratos de café estão baixistas. A resistência é de 110,30 cents e 111,60 cents. No entanto, o mercado só deve mudar de tendência se conseguir trabalhar acima de 120 cents, mostra análise da Newedge Group.


Mercado físico esvaziado


O mercado físico de café encerrou a semana passada com baixo volume de negócios. “O comprador esteve ausente, sem interesse”, diz um corretor de Santos (SP). Além disso, ainda não se normalizou a oferta de crédito para exportação.


Mesmo com a alta do dólar, o movimento foi fraco. A moeda norte-americana chegou a subir próximo de R$ 2,40, mas recuou ao longo do dia com os leilões de venda da moeda pelo Banco Central, fechando a R$ 2,3270, em alta de 0,95%. Os contratos futuros na Bolsa de Nova York recuaram 1,3%, base dezembro.


O comentário na praça de Santos ficou por conta da venda de café tipo 6, bebida dura para melhor, com 15% de catação, a R$ 259 a saca de 60 kg. O comprador seria a Stockler.


Apesar do baixo volume de venda no físico, os embarques de café pelo Brasil em outubro estão em bom ritmo. Isso porque boa parte dos negócios é contratada antecipadamente pelos exportadores, por meio de Cédula de Produto Rural (CPR), ou venda futura. Os produtores estão agora apenas realizando a entrega do produto.


Levantamento preliminar do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os embarques de grãos verdes em outubro, até sexta-feira, alcançam 1.763.288 sacas, em queda de 0,6%, em relação ao observado no mesmo período do mês anterior. Em setembro foram embarcadas 2.653.913 sacas. Em outubro, até sexta, foram emitidos certificados de origem de 2.366.339 sacas, resultado 16,9% maior em comparação com o mesmo período do mês anterior.


Na BM&F de São Paulo, os contratos futuros de café arábica acompanharam as perdas de Nova York. Dezembro encerrou em baixa de 2,55 dólares (menos 10,70 dólares na semana), a US$ 124,00 a saca de 60 kg. Março/09 caiu 2,50 dólares (menos 10 dólares na semana), a US$ 130,00 a saca.
 

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.