Reta final da colheita de café confirma quebra de safra em torno de 20%; entenda

Falta de chuva na época da florada gerou grãos menores e com maturação irregular; condição deve implicar numa safra menor

Antonio Sergio

Por Itatiaia

Na reta final da colheita de café no estado, o presidente da Comissão Técnica de Cafeicultura da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg) Arnaldo Bottrel Reis, confirma que a safra mineira, esse ano, deve sofrer uma quebra em torno de 15 a 20%. No início do ano, a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) era de que fosse possível colher cerca 29,2 milhões de sacas, levando-se em conta que a área produtiva aumentou 3,2%. Agora, esse número é uma incógnita. A expectativa é de que a Conab divulgue uma nova previsão no final de agosto.

Bastou iniciarem as primeiras colheitas para que os produtores tivessem suas expectativas frustradas. “Os grãos estão muito pequenos, o que deve impactar no volume final. O consolo é que a qualidade está boa”, disse. Segundo Bottrel, isso está acontecendo porque, praticamente, não choveu na época da florada (agosto, setembro e outubro do ano passado). “Se não chove nesse período, a planta tem dificuldade de florescer, o que acaba interferindo na quantidade e no tamanho dos grãos”.

Falta d’água provoca distúrbios na planta

A explicação é confirmada pelo engenheiro agrônomo e diretor de cadeias produtivas da Seapa, Julian Carvalho. Segundo ele, a falta d’água na época da florada provoca distúrbios fisiológicos na planta, gerando grãos menores e desuniformidade na maturação: um mesmo pé de café apresenta grãos-passa, grãos-verdes e grãos-cereja. “O produtor que utiliza maquinário, precisa passar a máquina até três vezes para conseguir completar a colheita, o que encarece o processo”, disse.

Julian contou que, normalmente, com 450 ou, no máximo 500 litros, é possível encher um saco de café beneficiado. Mas esse ano, os grãos estão tão miúdos que os produtores estão precisando de 600 litros para encher o mesmo saco, gerando “peneiras” menores. “Isso interfere em tudo. Se pensarmos que o café também é valorizado pelo tamanho da peneira. Para se ter uma ideia, os concursos de qualidade de café sempre tomam como referência as peneiras 16, que é um tamanho bom para quem produz café de qualidade. Mas, esse ano, cientes da situação, alguns já lançaram editais com peneiras aro 14 ou 15”.

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