Segundo a OIC, há necessidade de preservar os ecossistemas naturais nos países produtores
Por Globo Rural
A Organização Internacional do Café (OIC), Plataforma Global do Café (GCP) e Ministério Federal Alemão para Cooperação e Desenvolvimento Económico (BMZ) assinaram uma declaração conjunta para reforçar ações em parceria para o que classificaram como “transformação sustentável do setor cafeeiro global” na última sexta-feira (19/01), em Berlim.
Entre os principais pontos do documento estão rentabilidade, transparência no processo de produção e beneficiamento, equidade de gênero na cadeia cafeeira e debate sobre instituições facilitadoras – que fazem intermediação e ajudam no acesso de consumidores na hora da compra do produto.
As prerrogativas têm base nos objetivos setoriais para 2030, que foram acordados pelo Conselho Internacional do Café (ICC) e Grupo de Trabalho Público Privado do Café (CPPTF).
“A declaração reafirma o compromisso dos signatários de concretizar uma visão comum para o setor cafeeiro. Esta visão centra-se resiliência econômica, celebra a diversidade das origens do café e defende a sustentabilidade ambiental e a mitigação das alterações climáticas através da circularidade, da produção, do comércio e do consumo regenerativos”, descreveu a OIC.
Segundo a entidade, há uma necessidade de preservar os ecossistemas naturais nos países produtores de café, sendo 42 membros da OIC. Abordar causas e desafios sociais e econômicos presentes na cadeia do café é um dos principais compromissos do documento, conforme destacou a Organização.
Na ocasião, as entidades signatárias se comprometeram a identificar soluções para tornar esse setor agrícola mais sustentável, inclusivo e resiliente. As organizações também reiteraram o papel de apoios multilaterais que governos possam ter junto com setor privado e sociedade para melhorar a cadeia cafeeira.
“Com forças distintas e complementares, estamos unidos na busca de um futuro próspero aos agricultores por trás dos 2,94 bilhões de xícaras de café que consumimos todos os dias”, falou, em nota, a diretora executiva da OIC, Vanúsia Nogueira.
Concordando com Nogueira, a diretora executiva da GCP, Annette Pensel, destacou que a cooperação multissetorial é essencial para uma transformação significativa do setor, na produção e no consumo de café ao redor do mundo. “O GCP tem trabalhado com países produtores de café para abordar questões sistêmicas que impedem o desenvolvimento e a prosperidade das comunidades cafeicultoras. Estamos encorajados pelo compromisso de mais organizações aderirem para um impacto acelerado em escala”, disse em comunicado.
Como fica no Brasil?
O presidente da Confederação Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, salientou que o Brasil está à frente de outras regiões produtoras no quesito sustentabilidade. Para ele, os métodos de manejo e produção adotados no país estão de acordo com o cumprimento do Pacto Verde europeu, que mira a região que mais consome o grã brasileiro no mundo.
“As metas de 2030 nas quais se baseiam a OIC já sã praticadas no Brasil, o que nos facilita dialogar com as organizações internacionais, cooperar e servir como exportador para outros países”, disse à reportagem.
O presidente da entidade reitera que as regiões produtoras de café no Brasil têm investido em tecnologia e inovação científica, além de estarem certificadas e cientes do que é necessário para garantir a transparência da cadeia. No entanto, como desafio, Brasileiro aponta a conquista de renda para agricultores, que ainda está aquém do que organizações internacionais estimam.
No Brasil, afirma ele, a renda está na faixa mínima, estimada em 10% do que é investido no custeio de produção. Há outros patamares de rentabilidade classificados em renda digna e renda próspera, as quais o país ainda está longe de alcançar, porque a commodity enfrenta consequências climáticas há algumas safras, o que reflete no preço e na retração de consumo nacional.