AGRONEGÓCIO
04/09/2008
São Paulo, 4 de Setembro de 2008 – O crescimento de práticas de cultivo que observam regras sociais, legais e de sanidade mostra que a preocupação com a atividade sustentável já pode ser observada entre alguns cafeicultores brasileiros. O objetivo é comprovar a origem dos produtos para conseguir agregar até 15% no valor final da saca. Desde 2003, houve crescimento na produção certificada. Em quatro anos saltou de 5 mil sacas (60 quilos) para 125 mil sacas, de acordo com o Instituto de Certificação de Manejo Florestal e Agrícola (Imaflora). No mundo, estima-se que no mesmo período a produção subiu de 200 mil sacas para 1,8 milhão no último ano.
“A explosão mesmo aconteceu nos últimos dois anos. Em 2008, acreditamos que a produção alcançará 200 mil sacas”, revela Eduardo Trevisan Gonçalves, coordenador de mercados e projetos do Imaflora. Segundo ele, a exigência de produtos com origem garantida tem crescido constantemente no mundo. “Começou na Europa, mas o consumidor brasileiro já incorpora a tendência”, diz o coordenador. A tendência é sustentada pela opinião de Henrique Victorelli Neto, presidente do Instituto Gênesis. “É uma demanda constante e não apenas um modismo”, diz. Ele acredita isso surgiu da necessidade de os produtores agregarem valor e fortalecer a questão social e ambiental, requisitos cada vez mais constantes no setor. Segundo disse, o incremento fica entre 15% e 20% sobre o valor final. “Depende do mercado fornecedor”.
Gonçalves, do Imaflora, explica que uma grande rede de lanchonetes na Inglaterra elevou em 23% a renda com as vendas do café após certificar a bebida. “Isso ocorreu sem aumentar o preço da bebida. A aceitação foi muito maior”. Disse que para obter a certificação é necessário observar normas trabalhistas, manejo de defensivos e conservação da biodiversidade.
Oséas Mendes, coordenador de certificação da Associação dos Produtores de Café de Monte Carmelo, diz que a área já atinge 1,6 mil hectares. “Há dois anos não havia nada. A produção pode chegar a 50 mil sacas de café certificado”.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 9)(Roberto Tenório)