São Paulo, 27 de Agosto de 2008 – A Marubeni Corporation, acionista controladora da Companhia Iguaçu de Café Solúvel, fará uma oferta pública de aquisição (OPA) dentro de 30 dias para adquirir as cerca de 630 mil ações ordinárias restantes em circulação no mercado hoje. No último dia 22, a controladora japonesa realizou uma negociação privada com dois fundos acionistas da Iguaçu, o Australian Timber Trustees e o G&S Trustees, para compra das participações detidas, um total de 1,32 milhão de ações ordinárias (13,65% do montante total). Considerando o preço unitário de R$ 7,00, a Marubeni desembolsou R$ 9,25 milhões para saltar de 79,85% para 93,5% das ordinárias, direta e indiretamente.
A composição do quadro de ações preferenciais da exportadora de café solúvel não foi alterada, mas a Marubeni já detinha a maior parte também desses papéis – 43,72% das ações preferenciais classe A e 59,93% das preferenciais classe B.
Segundo Edinaldo Lemos Silva, não há intenção de fechar o capital da companhia. “Não muda o status da companhia porque a Marubeni já detinha a maioria das ações ordinárias, o que a fazia controladora. Agora a empresa está obedecendo o que é definido pela lei das S.A. (sociedades anônimas) e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), de fazer uma OPA quando há um percentual inferior a um terço das ações em circulação”, afirma Silva. Com a oferta de aquisição, deve passar dos atuais 93,5% para 100% das ordinárias. Considerando o mesmo valor de negociação, o novo desembolsou será de R$ 4,4 milhões.
Para um analista de mercado, como a empresa não tem intenção de migrar para o Novo Mercado (o que redistribuiria as ON para aqueles que possuem PN hoje) e não tem tag along, a situação dos demais acionistas pode ficar desconfortável. “Eles têm ações, mas não tem voz e nem liquidez.” Em 2006, a companhia foi interpelada pela CVM por reter volume questionável de reserva estatutária, dragando os lucros na forma de dividendos para os acionistas.
Apesar do avanço de receita, a Iguaçu viu seu lucro líquido encolher no primeiro semestre, em relação ao ano passado. Nos seis primeiros meses do ano, acumulou R$ 8,86 milhões em lucro líquido, contra R$ 14,48 milhões em 2006. A Marubeni, com sede em Tóquio, entrou na companhia em 1972, com 35% do capital da Iguaçu. No ano passado, os japoneses anunciaram parceria com a Agrenco – cujo presidente está sob investigação – para investir US$ 190 milhões em três complexos de bioenergia no País.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 3)(Maria Luíza Filgueiras)