04/08/2008 07:08:23 – O Tempo
Escolha. Itens com a bandeira de supermercados e redes varejistas estão em 37% dos lares brasileiros
Marcas próprias movimentam R$ 7 bilhões por ano no Brasil
Vendas evoluem, mas relação entre preço e qualidade divide opiniões
Zu Moreira
Apesar de, em geral, representar economia para o bolso, a preferência pelas marcas próprias, produtos com a bandeira de determinado supermercado ou rede varejista, ainda divide a opinião dos consumidores. “Não tenho nada contra, porque nunca tive problema com a qualidade dos produtos”, afirma a auxiliar de biblioteca, Tereza Cristina Rena Piñon, 55. Acostumada a comprar massa de bolo, arroz e feijão da marca de um determinado supermercado, Teresa Cristina afirma que, no momento, abriu mão dessa prática, pela falta de opção no estabelecimento em que é cliente.
A advogada Eliane Lima, 50, pensa o contrário. “Evito as marcas próprias pois, às vezes, a diferença de preço é tão pequena que prefiro optar pelo produto que tenho hábito de consumir”, disse.
O mercado de produtos de marcas próprias movimenta por ano cerca de R$ 7 bilhões em vendas e, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), 37% dos domicílios brasileiros compraram pelo menos um item de marca própria em 2007, representando um universo de 13,5 milhões de lares. “São produtos que cada vez mais se consolidam no mercado, pois atendem os consumidores nos quesitos qualidade e preço, além de assumirem cada vez mais sua posição nas gôndolas dos varejistas”, avalia o gestor do Comitê Marcas Próprias da Abras. Marcos Manéa.
“Com a alta de preços dos alimentos, a participação desses produtos no mercado pode ser ainda maior”, completa Manéa. Segundo a Abras, as marcas próprias são responsáveis por 5,4% do faturamento dos supermercados, percentual bem aquém na comparação com outros países, como a Inglaterra, onde os produtos de marcas próprias respondem por 39,5% das vendas.
Ano passado, o setor faturou no Brasil cerca de R$ 136 bilhões.
Na pesquisa, a associação listou 29 mil itens que são vendidos no país. De sabão em pó a filtro de papel, passando por biscoitos, leites e até eletrodomésticos. Mesmo sendo crítico da marca própria, o diretor-executivo do site de pesquisas Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, acredita que o produto “é uma alternativa para o consumidor fugir da inflação”, ressalta o especialista.
No entanto, ele sugere que os consumidores comparem preço e qualidade para não sair no prejuízo. “A melhor medida é ter em mente o preço médio dos principais produtos antes de ir às compras “, disse.
Olho Vivo. Na semana passada, a entidade divulgou pesquisa em que o preço de marcas próprias varia até 116%, como no caso do “Molho de tomate – 340g” que pode custar de R$ 1,29 no Carrefour BH Shopping e até R$ 2,79 no Verdemar Sion. Para o “café moído – 500g” a variação chegou a 100%, o produto pode ser encontrado custando de R$ 3,49 no Carrefour BH Shopping e por até R$6,98 no Verdemar Sion. O “Achocolatado em pó – 400g” pode custar de R$1,38 no Extra Belvedere e até R$2,69 no Carrefour BH Shopping, uma variação de 94,93%. Já o “Amendoim Cru – 500g” teve uma variação de 93,65%, sendo que no Carrefour BH Shopping o produto custa R$ 2,99 e no Extra Belvedere R$ 5,79.
A presidente do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais (MDC-MG), Lúcia Pacífico, afirma que “infelizmente” as donas-de-casa têm observado que no geral nem sempre a marca própria é sinônimo de preço baixo. “O consumidor deve ficar atento e comparar os preços”. disse.