AGRÍCOLA
02/07/2008
Café com turismo em Serra Negra
Belezas naturais da região e cafezais a mais de mil metros de altitude atraem visitantes para conhecer a lida do campo
Rose Mary de Souza
O café produzido em Serra Negra vai muito bem. O município, integrante do Circuito das Águas Paulista, fica a 972 metros acima do nível do mar, em um vale rodeado de montanhas. Os cafezais, abertos em encostas de morros, se beneficiam desse clima ameno, típico ‘clima de montanha’ e terra boa. A temperatura média fica em máximas de 29 e mínimas de 5 graus. A grande maioria dos cafeicultores, 90%, se beneficia dos recursos que a própria natureza dispõe e por isso faz o plantio em áreas declivosas.
Talvez por isso mesmo o café continue sendo uma cultura tradicional, representando a principal atividade agrícola no município, com 75% da receita rural, conforme a Secretaria da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Serra Negra. O perfil agropecuário é o de pequenas propriedades: só 14% têm áreas acima dos 50 hectares.
EM PLENA SAFRA
São 16 bairros rurais, onde a quase totalidade atua na agricultura familiar. A média anual de produção de café colhido é de 120 mil sacas beneficiadas, o que gera uma receita para o município em torno dos R$ 30 milhões. A colheita começa em geral no fim de maio ou meados de junho e segue até agosto ou setembro. Serra Negra tem 3.500 hectares de café em plena safra.
É nesta época de safra também que o turismo rural é mais intenso. Os agricultores se organizam para receber o visitante em busca de passeios que vivenciem a lida do campo. ‘O turista gosta de ver como é colhido o café, como é feita a torrefação e compra para levar para casa’, explica o secretário da Agricultura, Hélio Rubens Franchi Silveira.
Na propriedade Vale do Ouro Verde, o produtor Nelson Bruni tem um cafezal a 1.040 metros de altitude. Os cultivares do arábica são o catuaí, obatã, tupi, urubatã. A variedade mundo novo, de porte alto e espaçamento largo, vem sendo substituída pelas anteriores, que têm um porte médio com alta produtividade, excelente para o maior adensamento e facilidade na colheita.
‘Imagine o funcionário carregando uma escada subindo a montanha para colher café?’, pergunta ele, mostrando a porção do cafezal que sobe pelo vale. Agora, aonde estavam 500 pés do mundo novo, podem entrar 1.380 pés de catucaí ou do tupi. ‘Tirei mil pés de mundo novo e substituí por 3.500 de obatã’, conta Bruni.
Além da renovação da lavoura, com um cafezal novo com boa carga de grãos, o produtor vai contabilizar maior produtividade por área. ‘Dá para colher no terceiro ano. No sexto ano o café já é adulto.’
O espaçamento adotado vai depender da poda que se pretende fazer mais adiante. Uma poda drástica, por exemplo, quando sobra apenas um toco de 40 centímetros da planta; um desbaste para deixar formar ‘a saia’ da planta ou o esqueletamento, o corte da galhada para que cada galho possa gerar entre quatro e cinco novos ramos.
O produtor não gosta de apresentar números da produção, mas informa que está produzindo bem e com um preço razoável. Sem querer mencionar a previsão deste ano, e maldizendo o ‘fiasco’ do ano passado, conta que vende 90% para empresas. O restante põe no terreiro, beneficia, torra, embala em grão ou moído e distribui em empórios, lojinhas e casas de café expresso com marca própria. Além disso, recebe turistas na propriedade.