Se depender dos produtores rurais filiados à Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e da vontade dos governos federal e estadual, será uma grande festa o anúncio do Plano de Safra Agrícola e Pecuário 2008/09, amanhã, em um centro de eventos recém-inaugurado no campus da Universidade Positivo (Unicenp), em Curitiba.
Dos 1.300 lugares pelo menos 800 devem ser ocupados por médios e grandes produtores do Estado. O evento está marcado para as 10 horas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve voltar logo depois para Brasília.
Apesar de o plano do governo também prever recursos para a agricultura familiar e assentados da reforma agrária, os representantes desses setores devem ficar fora da festa. Até ontem, o Movimento dos Sem-Terra (MST), que reúne assentados, e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), associação de pequenos agricultores familiares, não haviam se mobilizado para ocupar um espaço no centro de eventos.
O vice-presidente da Fetaep e diretor de Política Agrícola do órgão, Mário Plefk, disse que não houve mobilização da categoria para o evento. A previsão é que a festa curitibana contemple mais os empresários, enquanto os pequenos agricultores tornem-se o foco principal em evento no dia seguinte, em Brasília. “Como não é um lançamento da agricultura familiar não estamos nos mobilizando.”
Plefk acredita que o volume destinado à agricultura – R$ 13 bilhões – familiar poderia ser maior. “Os grandes necessitam de recursos, mas os pequenos também produzem alimentos básicos”, afirmou. “Mas, de qualquer forma, estamos satisfeitos.” O principal objetivo do novo plano é ampliar a oferta de alimentos no mercado interno, numa tentativa de controlar a alta de preços.
Acredita-se que com os R$ 65 bilhões destinados à agricultura empresarial será possível ampliar em 5% a 6% a produção na safra 2008/09 ante a atual, estimada em 142,6 milhões de toneladas. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edílson Guimarães, apresenta hoje, em Curitiba, detalhes do novo plano.
Na semana passada, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, havia citado que dois itens do plano devem beneficiar ainda mais os agricultores. Um deles é a criação de uma linha de crédito para recuperação de áreas degradadas e melhoria de pastagens, com taxa de juros de 5,5% ao ano. Essa linha deve receber recursos que totalizam R$ 1 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O segundo é um programa de modernização da pequena propriedade, com juros de 2% ao ano.