CAFÉ: MERCADO TEM CENÁRIO OTIMISTA COM ORDENAMENTO DA OFERTA

Por: Agência Safras

O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga, apresentou o painel “Perspectivas Gerais do Café do Brasil”, dentro do 17o Seminário Internacional de Café de Santos, que realizou-se esta semana no Guarujá, no litoral de São Paulo. Braga traçou um cenário otimista para a cafeicultura brasileira. Entre os fatores que justificam o sentimento positivo, estão a safra ordenada em termos mundiais, a menor oscilação da produção brasileira e também a nova postura do cafeicultor, que está fazendo uso de mecanismos modernos de comercialização.

Para o diretor do Cecafé, a volatilidade no volume de produção do Brasil está ficando menor nos últimos anos, “o que é positivo para mantermos uma regularidade no nosso fluxo de exportação, e conseqüentemente nossa fatia do mercado mundial. Em 2002, o “market share” do Brasil nas exportações foi de 31,7%, e a estimativa para 2008 é de 29,9%. “Vejam que o Brasil mantém sua fatia, apesar das oscilações nos volumes de produção a cada ano”, frisou Braga.

Além disso, a estratificação da oferta mundial de café beneficia o Brasil, pois as pequenas perdas de participação dos últimos seis anos não foram substituídas por cafés de países concorrentes. “Atualmente, não há nenhuma indicação de aumentos expressivos nas safras cafeeiras em outros países”, comentou.

Sobre o ordenamento da oferta, Braga salientou que desde que a Cédula do Produto Rural (CPR) foi criada, em 1994, os cafeicultores brasileiros já negociaram antecipadamente de 12 a 15 milhões de sacas através desse mecanismo, “o que é extremamente positivo, pois ordena a oferta no mercado interno e evita aquelas grandes variações de produção que enfrentávamos no passado”.

Braga comentou também sobre as diferenças nas estimativas sobre a produção brasileira em 2008, que ficar  entre 45,5 milhões de sacas, conforme a estimativa oficial do governo, a 54,5 milhões de sacas, levando em conta projeções do setor privado (tradings e exportadoras). “Essas diferenças, não só no número de produção, mas como também nos estoques, não serão capazes de trazerem uma maior pressão sobre o mercado, pois de uma forma ou de outra ele continuará ordenado”, frisou.

Nos últimos 10 anos, as exportações de café brasileiras acompanharam a evolução do tamanho da produção. Na safra 1997/98, os embarques haviam totalizado 14,6 milhões de sacas, devendo saltar para 28,5 milhões agora em 2008. “As exportações acompanharam o aumento da produção no período, o que comprova a co-relação íntima que existe entre produção e exportação, mantendo o país como um supridor regular do mercado mundial de café”, salientou o diretor do Cecafé.A entidade está projetando que o primeiro semestre de 2008 termine com exportações de café na ordem de 12,5 a 13 milhões de sacas, e o segundo semestre contabilizando entre 15,5 a 16 milhões de sacas, com o total acumulado do ano ficando entre 28 a 29 milhões de sacas.

Braga ainda garantiu que, em termos relativos, o produtor brasileiro de café é aquele que recebe a maior participação no preço FOB no mundo. Em 2007, o produtor de arábica recebeu US$ 127,49 FOB por saca, e o robusta US$ 102,03, conforme cálculos do Cecafé.

Já o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes, garantiu que haverá leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) neste ano. Segundo o representante dos produtores, falta apenas definir valores do prêmio e também a quantidade de recursos que será alocada para a realização da operação, questões que devem estar resolvidas em no máximo 60 dias.

Em entrevista exclusiva para a Agência SAFRAS, nos bastidores do 17o
Seminário Internacional de Café de Santos, Ximenes também comentou sobre o tamanho da safra de café que começa a ser colhida nas regiões produtoras, e elogiou os números apresentados recentemente pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), segundo os quais a produção vai ficar em 45,5 milhões de sacas de 60 quilos.

Quanto à colheita, segundo Ximenes, no sul de Minas Gerais ela não começou ainda, porque está muito atrasada a maturação. “Acreditamos que a colheita só vai começar depois do dia 15 de junho. Quem já havia iniciado teve que parar, pois o percentual de grãos verdes está muito grande, no caso do arábica. Nas lavouras de conillon, eu acredito que os trabalhos já estão andando bem”, disse.

Ainda no Seminário, o presidente da Coopermonte (Cooperativa Agrícola de Monte Carmelo-MG), Creuzo Takahashi, participou do painel “As perspectivas da produção de café arábica no Brasil”, e além de salientar a contribuição do imigrante japonês na produção cafeeira brasileira ao longo dos anos, disse estar “um pouco mais otimista”. “Nossos cooperados estão com os débitos travados, e alguns estão conseguindo receber até R$ 330,00 por saca do arábica, dependendo da qualidade”, garantiu. 

Mas, o dirigente da Coopermonte lamentou que o Brasil não esteja produzindo seu potencial máximo na cafeicultura, que segundo ele pode chegar a 60 milhões de sacas, na comparação com a média anual de 40 milhões de sacas. “Isso seria possível aumentando a produtividade”, explicou.

Para Takahashi, os insumos caros são o principal problema do momento para o cafeicultor. Enquanto que o dólar caiu bastante nos últimos anos, os preços dos adubos dispararam 122% de 2007 para cá, enquanto o potássio saltou 182% no mesmo período. “Os insumos representam 50% do custo de produção do café. Se os preços continuarem subindo, vai aumentar violentamente nosso custo, e o produtor vai se ver obrigado a reduzir a adubação, resultando em queda de produção já nas safras de 2009 e 2010”, concluiu Takahashi, que ainda pediu calma aos produtores presentes no Seminário, pois “cedo ou tarde” vai voltar a valer a lei da oferta e da procura no mercado de café.
(LC)

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