Editoria: DM Revista
filmagens – Equipe técnica se organiza entre as pessoas que passam pela calçada da Anhangüera, em frente ao café Central
No fim de 2006, o artista plástico e cineasta Celso Mateba, 62, foi encarregado pelo proprietário do café Central, João Bosco Maia, 38, para criar um painel de 4,5 metros por 1,5 metro, que está numa das paredes do café Central. O mural traria fotos de freqüentadores tradicionais do local, muitos deles personalidades que marcaram a história da Capital, como Irapuã Costa Júnior, Bariani Hortêncio, José Mendonça Teles, Iris Rezende, Alfredo Nasser, Modesto Gomes e Luis Augusto Sampaio. Mas Mateba esbarrou em um problema: a falta de dinheiro para realizar a tarefa. Sem apoio de leis de incentivo à cultura, ele não conseguiu os R$ 13 mil necessários para ajudar a contar um pouco da história do café mais charmoso de Goiânia.
Quando viu a impossibilidade de realizar o projeto, Mateba teve outra idéia. “E se eu fizesse um filme para contar a história do café Central?” O cineasta contou com ajuda de freqüentadores do local e encaminhou um roteiro contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura do Município de Goiânia. As gravações estão sendo realizadas no estabelecimento e em outros pontos da cidade, durante essa semana. Na última terça-feira, 13, foi dia de entrevistar alguns dos freqüentadores tradicionais do local. “O que pretendo é realizar um trabalho que conte a história do café Central, que se confunde com a própria história de Goiânia.” Mateba conhece o café desde criança, mas não de freqüentar. “Eu tenho 62 anos. Minha infância e juventude foram passadas por aqui. O Centro tinha vida noturna. O café Central era um lugar que a gente não entrava muito porque era de fazendeiros, pessoas mais de negócios. Como não era dessa área, eu só passava na porta, mas via o que era o café Central.”
trajetória
Mateba já trabalhou com quase tudo. Lavoura, construção civil, funcionalismo público. Foi até jogador de futebol. “Cheguei a jogar no Goiânia, mas não era sempre no time profissional, não de titular”, conta. “Na época, eu me sentia excluído do café Central porque só iam aqueles caras de chapéu panamá e terno branco. Então, eu ia fazer o que ali?” Agora, para realizar o documentário, que será finalizado em quatro meses, Mateba aproveita as pesquisas que realizou com o objetivo de desenvolver o painel. “Eu pesquisei todos os dias durante quatro meses. O filme terá muitas imagens de arquivo também, para ajudar a contar essa história.”
O dono do café Central conta que teve a idéia de fazer um trabalho desse tipo desde que comprou o estabelecimento, em 2003. “Tenho certeza que comprei não só um bar. Comprei um nome, a cultura e o valor histórico desse café.” João Bosco conta que viajou por outras cidades brasileiras e viu que casas como o café Central acabaram virando pontos turísticos. “A realização desse filme é uma das idéias de revitalização da casa.” Para João Bosco, o café Central não acompanhou a modernização da cidade. “Parou no tempo e ficou esse saudosismo, esse charme. Um café revitalizado deve manter muitas das características de ontem”, planeja.