Três fatores chamam a atenção de quem visita Itaporanga
D’Ajuda, município sergipano situado a cerca de 30 quilômetros de Aracaju. O primeiro é o forró, que rendeu à cidade o título de nova capital deste gênero musical nascido no Nordeste. O segundo é a presença de grandes empresas como a Mabel e a Azaléia. O terceiro item é o forte cheiro de café que atrai os motoristas muito antes deles chegarem ao km 118 da rodovia BR-101.
É nesse endereço que fica a sede de uma das oito indústrias da Maratá, a segunda maior empresa de Sergipe depois do grupo GBarbosa, rede varejista comprada por uma companhia chilena em 2007. De gestão familiar, com 3,4 mil funcionários, um faturamento que gira em torno de R$ 900 milhões por ano e um negócio que cresceu 35% em 2007, a Maratá é hoje a maior exportadora do Estado e uma das três maiores torrefadoras de café do país.
Com atuação em vários nichos do setor alimentício, o carro-chefe do grupo é o café, maior locomotiva de toda sua operação e responsável por 35% de sua receita, seguido pelo suco concentrado, que representa 10% do negócio. Em março, o grupo ampliou o contrato que tinha desde 2007 com a Sara Lee, multinacional norte-americana que adquiriu várias marcas brasileiras como Café do Ponto, Seleto, União, Pilão e Caboclo.
A dona das principais marcas de café do país quer expandir suas vendas no Nordeste e, para isso, escolheu a baronesa do café para esta missão. A partir de agora, a Maratá industrializará, empacotará e distribuirá os produtos da multinacional na região. Ou seja, a partir de agora, a Sara Lee passa a utilizar as instalações da torrefadora Maratá em Itaporanga D’Ajuda, onde ficará concentrada sua produção.
Fundada em 1962, mas sob a direção do sergipano José Augusto Vieira, 56, desde 1982, a Maratá iniciou suas atividades como beneficiadora de fumo, atividade que mantém até hoje. O filho, Frank Vieira, 32, que trabalha com o pai desde os 13, hoje é o diretor-geral da Maratá e se reporta a José Augusto, o presidente. Hoje, por questões estratégicas, o grupo é extremamente diversificado, com produção e venda de café, chá, temperos, molhos, suco
concentrado, fumo e até embalagens – como copos, pratos e itens descartáveis. No total, são oito indústrias – sete no Sergipe e uma na Bahia.
Em 26 anos, a Maratá transformou-se em um verdadeiro fenômeno do setor alimentício. O mais curioso é que boa parte dos brasileiros nunca ouviu falar da empresa, principalmente os da região Sul e Sudeste. Mesmo assim, o grupo tem como clientes inúmeras engarrafadoras da Comunidade Européia, Rússia, Israel, Austrália e Estados Unidos, que compram seu suco de frutas concentrado. De 2000, ano em que começou a atuar no segmento de sucos, toda produção da Maratá se destinava, até então, à exportação.
Agora, no entanto, Vieira afirma que sua empresa vai vender suco de fruta para o consumidor brasileiro. Ao contrário do produto concentrado vendido a granel para o exterior, o suco vendido que começa a ser vendido aqui é pronto para beber e terá variações como suco à base de soja e chá gelado. Para chegar a esse estágio, o grupo Maratá investiu R$ 55 milhões em uma nova planta recém-inaugurada em Lagarto (SE), com projeto e equipamentos da sueca Tetra Pak, líder mundial de embalagens cartonadas assépticas.