O consumo interno brasileiro de café continua crescendo de forma acentuada. No período compreendido entre novembro de 2006 e outubro de 2007, a ABIC registrou o consumo de 17,1 milhões de sacas, isto representando um acréscimo de 4,74% em relação ao período anterior correspondente (nov/05 a out/06), quando a demanda apurada havia sido de 16,3 milhões de sacas.
Já o consumo per capita foi de 5,53 kg de café em grão cru ou 4,42 kg de café torrado, quase 74 litros para cada brasileiro por ano, registrando uma evolução de 3,5% em relação ao período anterior (contra 4,5% na última apuração), o que confirma a constatação da pesquisa Interscience, de que os consumidores estão consumindo mais xícaras de café por dia.
Este resultado coloca o consumo por habitante/ano do Brasil (5,53 kg/hab/ano), em níveis muito semelhantes ao consumo de países como a Alemanha (5,86 kg/hab/ano), a França (5,07 kg/hab/ano) e a Itália (5,63 kg/hab/ano), que estão entre aqueles que apresentam o maior consumo per capita em todo o mundo, segundo dados da OIC – Organização Internacional do Café.
No Brasil, o consumo interno evoluiu 24,8% desde 2003, de 13,7 milhões de sacas para os atuais 17,1 milhões. O mercado brasileiro também representa 14% da demanda mundial, e 32% do consumo de toda a Europa, incluindo-se os países do leste europeu. O país continua a representar mais de 50% de todo o consumo interno conjunto dos países produtores de café.
Neste ano, novamente, quinta vez consecutiva, a ABIC considerou que o crescimento das empresas não associadas e informais foi menor (2,85%) do que o das empresas associadas (5,63%). A pesquisa atribui para essas empresas, uma variação igual à metade do crescimento do PIB nacional. Esta hipótese é favorável à confiabilidade dos dados, uma vez que traz o numero final para valores menores.
A importância do consumo interno na produção cafeeira brasileira
Para 2008, o crescimento do consumo interno acrescido das exportações em torno de 28 milhões de sacas, resultará numa demanda total de quase 46 milhões de sacas. Com isto, mesmo considerando-se uma nova safra 2007/2008 de grande volume, a ABIC entende que não haverá excedentes do grão, principalmente, porque os estoques físicos até março/2008 estarão nos menores níveis das últimas décadas. Não se justificariam, portanto, segundo ela, medidas que resultem na restrição da oferta de café ao mercado.
A ABIC continuará perseguindo a meta de atingir 21 milhões de sacas no ano 2010. Para tanto, o consumo interno deverá crescer 6%, em média, ao ano, incorporando mais de 1,1 milhão de sacas a cada 12 meses. Nos próximos anos, a entidade pretende incrementar e consolidar o mercado de cafés Superiores, Gourmet e Especiais, buscando atender uma demanda cada vez mais evidente entre consumidores brasileiros, mesmo para estes produtos com maior valor agregado. Para tanto, a ABIC, em 2007, ampliou o leque de seus programas de qualidade e certificação, para permitir aos industriais uma inserção mais segura nestes segmentos de produtos diferenciados.
O Brasil, com este resultado, mantém uma posição importante no cenário mundial do agronegócio café, por ser um dos países onde o consumo interno mais cresce. Esta é uma das maneiras mais efetivas de dar sustentabilidade à cafeicultura mundial, não permitindo, dessa forma, a existência de excedentes do grão tal que a sua cotação possa cair a valores que não remunerem adequadamente os agentes da cadeia produtiva.
As razões do aumento do consumo
A ABIC atribui o crescimento do consumo a um conjunto de fatores que se repetem há anos, de forma consistente e duradoura:
– Melhoria contínua da qualidade do café oferecido aos consumidores, que foi ampliada com o PQC – Programa de Qualidade do Café, lançado pela ABIC em final de 2004 e que, atualmente, já certifica mais de 250 marcas em todo o Brasil. Em 2008, o PQC se complementa com o Programa Cafés Sustentáveis do Brasil, que oferece uma garantia de certificação completa desde a lavoura até a xícara, para cafés produzidos de forma sustentável. Além disso, as casas de café ganharam um programa de qualificação, o Círculo do Café de Qualidade – CCQ, com o qual a ABIC deseja estimular o consumo de café fora do lar, sempre com melhor qualidade;
– Consolidação do mercado de cafés tipo Gourmet ou Especiais, e crescimento do consumo fora-do-lar o que desperta cada vez mais atenção, interesse e curiosidade para o produto junto aos consumidores;
– Melhora muito significativa da percepção do café quanto aos aspectos dos benefícios para a saúde, como resultado dos grandes investimentos no Programa Café e Saúde, que todo o agronegócio apóia;
– Melhora das condições econômicas no Brasil, com aumento do consumo e do poder de compra da população, expansão da massa salarial, empregabilidade e crescimento do contingente de consumidores que migraram das classes D e E para a classe C.
“Os desafios para superar as ameaças ao crescimento do agronegócio café, desde a lavoura até o consumidor, são inúmeros. Eles alcançam o aumento da produtividade da cafeicultura para incrementar sua rentabilidade e competitividade, com a inserção competitiva da agricultura familiar e da grande maioria dos pequenos cafeicultores, o posicionamento estratégico do Brasil no mercado mundial de café, o investimento na inovação e na renovação do parque industrial, a conquista de novos mercados para produtos com maior valor e a definição de instrumentos que assegurem a expansão da exportação e do consumo interno, com vantagens equivalentes para todos os setores da cadeia produtiva. A ABIC e a indústria de café entendem que os Cafés do Brasil não comportam mais uma gestão feita sempre através de medidas de caráter emergencial e propõe a elaboração de um amplo plano de desenvolvimento para o agronegócio café, que contemple as metas e as necessidades de todos os setores da cadeia produtiva, no horizonte dos próximos 10 anos tal que assegure a sustentabilidade econômica de todos os agentes e consolide a liderança mundial do Brasil no negócio mundial do café”, diz o Presidente da ABIC, Guivan Bueno.