AGRONEGÓCIO / 03/03/2008
Roberto Tenório
Ao contrário do que ocorre nas Bolsas de Nova York e de Londres, a saca do café no mercado interno ainda não reflete as fortes altas nos preços. No levantamento feito pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), o café do tipo 6 bebida dura é negociado em torno de R$ 253,00 a saca de 60 kg, no Estado de São Paulo. Com isso, os preços recebidos pelos cafeicultores no início de 2008 são os menores dos últimos três anos. Nos anos anteriores, o valor pago era de R$ 270,00 em média.
Para os técnicos do IEA, a valorização real frente ao dólar teria reduzido o impacto dos preços no mercado interno. Ainda segundo o estudo, com a valorização dos preços do milho em virtude da corrida mundial pelos biocombustíveis, a expectativa é de que o café siga a tendência de paridade entre as mercadorias e atinja no médio prazo o valor de R$ 350,00 a saca de 60 kg.
Mas Sílvio Bianchi, analista da Fcstone, recebe com cautela a afirmativa. “Quando trabalhamos com preços futuros, o objetivo principal é mitigar riscos. Portanto é preciso cautela para compor preços futuros”, avisa. Para ele, a análise de diversos indicadores como petróleo, commodities e outros é apenas uma fração do universo econômico, que é difícil de prever. “O que nós podemos fazer é uma junção de elementos centrais para chegar a uma conclusão da conjuntura”, arremata.
Mercado Internacional
O café encerrou mais uma semana com os preços altos e forte volatilidade nos mercados de Nova York e Londres. Na sexta-feira, os preços na bolsa americana fecharam em 164,60 centavos de dólar por libra-peso para os contratos com vencimento em março, com queda de 0,24% em relação ao dia anterior. Em contrapartida, os preços no mercado londrino sofreram uma alta de 0,4% nos papéis para maio e ficaram em 27,35 dólares por tonelada. De acordo com analistas, a decisão dos produtores vietnamitas postergar as vendas da atual safra seria um dos fatores que favorecem essa tendência altista.