Produtos agrícolas devem superar metais

21 de fevereiro de 2008 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: JORNAL DO COMMERCIO

Commodities agrícolas como o açúcar devem apresentar um desempenho melhor do que o cobre e outros metais industriais durante os próximos cinco anos, segundo Jonathan Boyden, da Ambrian Commodities Ltd. “Eu acredito que as commodities agrícolas vão apresentar um desempenho melhor daqui para frente, comparativamente aos metais básicos, que provavelmente apresentarão um desempenho inferior à média do mercado”, disse Boyden, diretor da área de negociação de açúcar da Ambrian, em conferência realizada em Londres. As commodities agrícolas vão subir devido ao “que está acontecendo no setor de combustíveis. A situação não tem mais a ver apenas com o setor de alimentos”.


A possibilidade da ocorrência de uma recessão nos Estados Unidos deve conter a demanda por metais, disse ontem Boyden. O petróleo está sendo negociado a uma cotação 2,5% inferior a sua alta histórica, e o ouro, a platina, o trigo e a soja alcançaram recordes este mês. O açúcar não-refinado (demerara), a commodity que em 2007 apresentou o quarto pior desempenho do Índice UBS Bloomberg Constant Maturity, de 26 matérias-primas, disparou 30 por cento este ano.


Açúcar. A alta dos preços do açúcar “provavelmente deixará no mercado pessoas que não deveriam estar nele”, disse Boyden.


Agricultores de países que vão do Brasil à Índia aumentaram sua produção de açúcar após os preços terem alcançado sua maior alta de 25 anos, em 2006, criando um excedente mundial de oferta.


“Há muito dinheiro saindo das ações e esse dinheiro precisa ir para algum lugar”, disse Boyden. “Esse dinheiro está sendo direcionado para aplicações de desempenho inferior à média de mercado. O setor de commodities é quase que o único a estar gerando retorno.”


Os especuladores também ajudaram a sustentar os preços do trigo, que não refletem mais dinâmica entre oferta e demanda, disse Boyden em entrevista. O trigo para entrega em maio estava sendo negociado a US$ 10,47 o bushel na Bolsa de Mercados Futuros de Chicago (Cbot). Os preços recuarão para cerca de US$ 6 até outubro próximo, à medida que países produtores como a Austrália ampliarem suas colheitas, segundo Boyden.


Café.


O café do tipo Robusta deve ampliar seus ganhos este ano devido à redução da oferta por parte do Vietnã, o maior produtor mundial do grão, disse Hernando de la Roche, da Hencorp Becstone Futures L.C.


“O café do tipo Robusta está respaldado devido à menor produção do Vietnã e porque os produtores não estão vendendo seu café por estarem tentando se proteger contra a inflação”, disse em entrevista concedida em Londres de la Roche, diretor- executivo da divisão de café da Hencorp. “Eles poderão começar a vender em abril ou maio, antes da safra da Indonésia” entrar no mercado, disse ele.


A produção do Vietnã poderá recuar cerca de 25%, passando a 16 milhões de sacas no período 2008-2009 devido às fortes chuvas registradas no final do ano passado, disse no mês passado a Organização Internacional do Café (OIC).


A produção mundial de café, que variará entre 123 milhões e 126 milhões de sacas, será apenas suficiente para o ano que se encerrará em outubro de 2009, oferecendo poucas possibilidades de expansão para os estoques, que se encontram em seu recorde de baixa, disse a OIC. O consumo mundial será de 123 milhões de sacas, segundo a OIC.


“Eu prevejo um aumento da volatilidade para os preços”, disse de la Roche, que trabalhou em empresas do setor de café durante duas décadas. “O clima terá um papel fundamental. Nós temos de ter muito cuidado, pois os estoques no final da temporada 2007-2008 são os menores desde a década de 1960”, disse ele.
 

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