Opinião: Perspectiva para o café em 2008
Cenário para os cafés capixabas em 2008
O
parque cafeeiro de Conilon capixaba tem se renovado de forma fantástica nos
últimos anos, com lavouras clonais, podas, irrigação, manejo adequado de
nutrição, dentre outras tecnologias. Atualmente, dos 300 mil hectares colhidos,
cerca de 105 mil já estão renovados em novas bases tecnológicas. Um caso de
sucesso, dentre todas as regiões cafeicultoras do mundo.
Contudo, a
seca que assolou o Espírito Santo em 2007 impedirá, infelizmente, a ocorrência
de uma safra recorde em 2008, quando esperávamos entre 9 e 10 milhões de sacas
de Conilon. Por outro lado, apesar das adversidades climáticas, a safra de
Conilon em 2008 no Estado deverá ser semelhante à de 2007, por volta das 7,5
milhões de sacas. Em resumo, a quebra de safra em lavouras antigas será
compensada pela chegada de lavouras altamente tecnificadas.
O
mercado previsto para o Conilon em 2008 é demandador, sobretudo o interno, e os
preços também continuarão proporcionando uma boa remuneração aos nossos
cafeicultores de Conilon. Nesse cenário positivo de rentabilidade, a
substituição de lavouras velhas por lavouras conduzidas em alta tecnologia
continuará em ritmo acelerado. Enfim, céu de brigadeiro para o Conilon
capixaba.
Para o café arábica, o grande desafio em 2008, e também
para os anos seguintes, é elevar a produtividade. Com a produtividade baixa, os
custos estão altos e, por conseqüência, os produtores estão, na média,
descapitalizados. O oásis deste cenário é a fantástica evolução da qualidade de
nossos cafés das montanhas, sobretudo nos últimos dez anos. Cerca de 1,2 mil
pequenos cafeicultores já produzem o cereja descascado e negociam melhores
preços em mercados diferenciados, ao invés de competirem no mercado de
commodities.
A safra de 2008 ficará no entorno da média histórica,
um pouco superior a 2 milhões de sacas. Registra-se ainda que a melhoria da
qualidade também é acompanhada por investimentos em máquinas e equipamentos nas
propriedades rurais. Muitos desses investimentos ainda serão amortizados pelos
cafeicultores. Um pouco de cautela com o mercado e foco na produtividade devem
ser as regras do jogo em 2008 para o arábica das montanhas
capixabas.
Enio Bergoli
Presidente do Instituto Capixaba de
Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper
Engº. Agrº,
especialista em Adm. Rural