AGRONEGÓCIOS
23/11/2007
Mônica Scaramuzzo
Embaixador do café no mercado internacional, Ernesto Illy, presidente da torrefadora italiana illycaffè, diz que às vezes sua memória lhe prega peças. Falsa modéstia. Aos 82 anos, mais de dois terços deles dedicados ao café, o empresário não deixa escapar detalhes do setor, que evoluiu muito no quesito qualidade da bebida.
“O café arábica tem 44 cromossomos. Nós, seres humanos, 46 cromossomos”, observa. E o café robusta? “Vinte e dois cromossomos”, responde, sem esconder uma certa satisfação ao destacar as qualidades que um grão arábica pode conferir à bebida.
Embora não haja qualquer relação entre o número de cromossomos e o grau de evolução das espécies, Illy faz questão de ressaltar as qualidades do café arábica. “O café ajuda a memória de curto prazo. Estou me dedicando agora ao estudo da memória”, justifica-se.
Agora a meta de Illy é trabalhar no desenvolvimento do grão que elimina mais água, reduzindo o período de secagem dos grãos após a colheita. Técnicos italianos da illycaffè trabalham em parceria com a Embrapa e a Universidade de Viçosa (MG) nestas pesquisas. O empresário diz que está analisando a possibilidade de ter um centro de processamento de café verde no Brasil, nos mesmos moldes de Trieste, sede da empresa. Neste centro, os grãos imaturos são separados do café de qualidade.
Illy diz que não deverá fazer pesados investimentos na exportadora Porto de Santos Comércio e Exportação Ltda., de Santos (SP), que possui em sociedade com a família Carvalhaes , de tradicionais corretores de café. Mas afirma que poderá chamar seus atuais parceiros para ser sócio do centro de processamento de café no país, se a idéia for mesmo levada adiante.
Com faturamento estimado entre 270 milhões a 280 milhões de euros para 2007, a expectativa é de que a receita do grupo cresça cerca de 10% em 2008. Do Brasil, o grupo compra até 60%, ou cerca de 200 mil sacas do grão, que compõem o café expresso da companhia.
No mercado internacional, os planos são consolidar a parceria firmada em outubro com a Coca-Cola para o desenvolvimento de uma bebida à base de café.
Os planos de curto prazo de Illy são mais simples. “Vou passar o Natal junto com minha família em Trieste”, diz. Ele volta ao Brasil em março de 2008, quando divulga os finalistas do concurso de qualidade de café, que realiza há 17 anos.