Publicação: 30/10/07
A Ipanema Coffees, de Alfenas (MG) e maior produtora mundial de cafés especiais, irá ampliar sua linha de atuação entrando no mercado de orgânicos e se prepara para dar um novo salto de produção com o arrendamento de duas novas fazendas no Município de Poços de Caldas, em Minas Gerais, que deverão agregar mais 30 mil saca às suas lavouras.
A companhia, que compreende hoje quatro empresas em diferentes áreas de atuação, termina 2007 com uma produção superior a 85 mil sacas e faturamento da ordem de US$ 21 milhões. Em reais esse valor deve chegar a R$ 40 milhões tendo em vista que o dólar foi fixado num patamar acima do atual.
Na próxima safra, que já está com 70 mil sacas vendidas, a produção da companhia deve chegar a 170 mil sacas, o que a confirma como a maior plantação de cafés especiais do mundo. O presidente da Ipanema Coffees, Washington Rodrigues, acredita o prejuízo com a seca, que deve prejudicar a produção da próxima safra, será mínimo. “Apesar da seca ainda temos esperança de que o dano causado seja o menor possível. Considerando uma perda de 7 a 10% teremos ao redor de 140 mil sacas de produção própria isso e alinhado a abertura da unidade de Poços nos faz crer que vamos exportar por baixo 150 mil sacas”, afirma.
Em 2007, mesmo sendo um ano de safra baixa a Ipanema ultrapassou a marca de 85 mil sacas, o que corresponde a 85% da produção em ano de safra cheia.
Novos mercados
Para escoar a produção que segue crescendo, a empresa está prospectando negócios em novos mercados, priorizando a entrada no leste europeu. “Este ano triplicamos nosso volume de vendas para a Rússia”, revela Rodrigues. “Queremos novos mercados, mas no leste europeu e no Oriente Médio há regras comerciais diferentes e a base de um escritório de representação é quase obrigatória”, completa.
Em 2008, a aquisição nas novas fazendas vai possibilitar a entrada da companhia no mercado de orgânicos. Ainda com uma pequena produção, que corresponde a aproximadamente 4% da capacidade das lavouras, o volume deve atingir o mercado externo.
“Os Estados Unidos tradicionalmente consome o café produzido nessas fazendas, que possuem uma lavoura de altitude própria para o plantio de café especial. Além deles o Japão deve ser um dos principais demandantes”, avalia. Rodrigues.
A empresa recentemente recebeu um reforço da sua marca no Japão. A Coca-Cola Company lançou um novo produto desenvolvido pela Ipanema, o Georgia Vintage, que já está disponível em mais de 1 milhão de máquinas espalhadas naquele país. Ao todo, a Coca-Cola, que no Japão tem a divisão de café maior que a de refrigerantes, deverá produzir mais de 300 milhões de latas.
O conceito e o desenvolvimento do produto foram criados conjuntamente pela Ipanema e a Coca-Cola. Ele também contou com a participação da Mitsubishi Corporation, que fornece café para a multinacional americana. Durante dois anos profissionais da Ipanema na unidade de Alfenas fizeram pesquisaram e analisaram o café, além de realizar provas e seções de degustação.
Este ano a empresa também entrou no mercado de energia com a venda de pellets, material que pode ser transformado em biomassa feito a partir da palha de café, para a Essent, uma das maiores usinas termoelétricas da Holanda. Segundo a Fair Biomass, empresa de produção e comercialização de biomassa, o valor da operação foi superior a US$ 525 mil.
Varejo
A companhia, que há 10 anos é fornecedora da rede Starbucks, também tem sua própria rede de cafeterias, a Cafeera, uma das pioneiras no mercado de cafés de luxo e que agora vai iniciar um projeto de redesenho.
A companhia vai vender duas das suas três lojas para a rede Grão Expressa, que possui mais de 160 unidades no Brasil, e deve ficar apenas com a sua primeira loja que será transformada num showroom e passará a chamar Cafeera by Ipanema.
“Estamos passando por mudanças estruturais. O crescimento na área de exportação está demandando muito trabalho, por outro lado a gente entendeu que o mercado de cafeteria cresceu muito, há muitos players, queremos manter foco e não entrar numa ciranda de aquisições para manter mercado”, avalia.
Entre os sócios da Ipanema Coffees estão a Trilux, o Grupo Astro-Lambari e o Grupo Gávea Investimentos. Os dois últimos detêm, cada um, 25% de participação na Ipanema.