Café com qualidade tem mercado certo

27 de outubro de 2007 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: 27/10/2007 05:10:51 - Folha de Londrina

Evandro Monteiro


Nos concursos amostras são avaliadas nos quesitos aroma, doçura, acidez, corpo, sabor, gosto remanescente e balanço da bebida

O café paranaense está deixando a pecha de produto ruim e disputando lugar de destaque com outros estados produtores. Tanto que os produtores paranaenses foram premiados no concurso nacional café Qualidade em 2005 e 2006, quando disputavam pela segunda e terceira vez o certame. Em 2005, o Paraná obteve o quarto lugar na categoria cereja descascado. No ano passado, o produtor Valtamir Mezzomo, de Salto do Itararé, foi o vencedor na categoria café natural e Fábio Dória Scatolin, de Ribeirão Claro, obteve o terceiro lugar na categoria cereja descascado.


Neste ano, Yassumassa Asami, de Marialva, e Ronieri José Mazeto, de Tomazina, representam o Paraná no concurso nacional, respectivamente nas categorias natural e cereja descascado. Os dois primeiros colocados foram definidos por uma comissão julgadora composta por provadores do Paraná, São Paulo e Espírito Santo. As amostras foram avaliadas nos quesitos aroma, doçura, acidez, corpo, sabor, gosto remanescente e balanço da bebida.


A definição do segundo ao quinto lugar foi feita no leilão realizado em Ribeirão Claro. Os lotes foram disputados por empresas torrefadoras e a classificação foi determinada pelo valor dos lances. Na categoria natural o maior lance, de R$ 1.050,00 a saca, foi recebido pelo lote do produtor Aurino Akihito Kitagawa, de Apucarana. Na categoria cereja descascado o segundo lugar ficou com o produtor Fábio Dória Scatolin, que teve o lance de R$ 720,00 a saca.


Os investimentos e esforços para a produção de café com qualidade valem a pena. A procura pelo sabor e aroma diferenciados está se tornando cada vez mais frequente no Brasil, além das possibilidades da venda no exterior. O consumo de café na classe A aumentou 100% de 2005 a 2006, afirma Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do café (Abic). Os concursos de café de qualidade estão alinhados com a tendência do consumidor de procurar o gourmet, diz.


O diretor da Abic atesta que nos últimos 15 anos a produção brasileira de café passou por uma evolução graças à tecnologia disponível. Com isso, o país tem registrado recordes de exportação. Segundo a Abic, nos últimos 12 meses foram vendidas no exterior 28,3 milhões de sacas, o que representa US$ 3,7 bilhões. Diante desse quadro, o produtor percebe que investir em qualidade é um bom negócio, enfatiza.


A sociedade quer beber um café melhor, mas é preciso também ensinar as pessoas a identificar as diferenças entre uma e outra bebida, afirma o produtor Fábio Scatolin. O consumidor vai pagar mais caro se reconhecer a qualidade do produto, concorda Valtamir Mezzomo.


A premiação do concurso café Qualdade, segundo os produtores, incentiva a continuar. Ao apostar nesse segmento, desbravamos o caminho. O Paraná hoje está entre os melhores do país e pode ainda subir algumas posições, afirma Scatolin. Atualmente os maiores produtores são Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, São Paulo e Bahia.


O produtor Manoel Ugucione, de Carlópolis é um dos novos entusiastas da produção de café com qualidade. Ele retomou a cafeicultura há 10 anos quando decidiu diversificar a sua propriedade, partindo do incentivo ao café adensado.


Manoel assimilou muito bem os caminhos que tem que percorrer para obter êxito na atividade. Os cuidados na lavoura são fundamentais, desde o plantio até a colheita e secagem, enumera o produtor, já comemorando a terceira colocação na eliminatória de Carlópolis do concurso café Qualidade. É o primeiro degrau, diz.


O produtor chama a atenção sobre a importância da qualificação da mão-de-obra familiar e de trabalhadores. Para isso contamos com o apoio do Sebrae, Emater, Sindicato, que possibilitam o treinamento no próprio sítio, afirma Ugacione.


A organização dos trabalhadores, segundo o produtor, também faz a diferença. A Associação de Produtores de café de Qualidade de Carlópolis disponibiliza a estrutura necessária para os cerca de 900 cafeicultores. Eles contam com um viveiro de mudas, um laboratório de degustação e o grupo se organiza para instalar a máquina para padronização. Há 10 anos era só uma idéia, mas hoje está na fase de finalização, diz Ugacione, que é o presidente da Associação. Ele destaca o apoio da prefeitura de Carlópolis.



Raquel de Carvalho
Reportagem Local

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