ECONOMIA
13/10/2007
Altas temperaturas e falta de chuvas comprometem safra
Viviane Monteiro
A safra de café do ciclo 2008/09 em algumas regiões produtoras do país pode se reduzir em média 20% em relação à última safra cheia (2006/07), segundo levantamento de produtores de Minas Gerais. O atraso das chuvas e a baixa umidade relativa do ar estariam prejudicando os cafezais.
O presidente da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso), de Minas Gerais, José Fichina, acredita que a próxima safra – que poderia chegar a 7 milhões de sacas (60 quilos) na região da cooperativa – deverá ficar 20% menor que a última safra cheia.
– O atual quadro de elevadas temperaturas e a falta de chuvas já estão comprometendo a safra 2008/09 – disse.
O declínio previsto para a próxima safra, segundo Fichina, deve representar um prejuízo de R$ 200 milhões aos produtores que cultivam 132.973 hectares da commodity na região.
– Acho cedo para falar alguma coisa sobre a produção, mas a previsão (das cooperativas) é uma primeira idéia do tamanho da próxima safra – disse o analista da Safras & Mercado, Gil Barabach.
Embora sem fazer previsões, o Conselho Nacional do Café (CNC) divulgou ontem um boletim que diz que o prolongamento da seca e das temperaturas elevadas certamente ocasionará perdas na safra a ser colhida no próximo ano. “Ainda é cedo para se especular a proporção da queda”, diz o documento.
O presidente do Conselho das Associações de Cafeicultores do Cerrado (Caccer), Francisco Sérgio de Assis, diz que a perda da próxima safra deverá ficar superior a 20% seguramente na região onde a instituição atua. Assim, os produtores devem colher 4 milhões de sacas.
Porém, acrescenta Assis, a quebra prevista será provocada sobretudo nas áreas de cafés não irrigados, que respondem por 30% da produção. Nesse caso, diz, os produtores poderão perder cerca de R$ 70 milhões, considerando o valor médio de US$ 140 a saca.
– As altas temperaturas e o estresse hídrico estão fazendo as plantas entrarem em ponto de murcha. E vários rios e represas já estão em sua capacidade mínima, gerando conflito entre os produtores que irrigam os cafezais – diz Assis.
Já o diretor do escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, diz que só poderá ter uma idéia do estrago que o clima provocará na safra entre dezembro e janeiro.
– Além do atraso das chuvas, surgiu uma coisa nova: a umidade relativa do ar abaixo do normal – observa. – Se chover nos próximos 15 dias, o problema pode ser reduzido.