04/10 – 11:30
Minas Gerais enfrenta o maior período de seca dos últimos 21 anos e a agricultura começa a dar sinais de saturação. O déficit hídrico está colocando em xeque o desenvolvimento dos frutos nos cafezais no Estado da safra 2008/09. Essa preocupação ronda as principais cooperativas de café de Minas, que estão apreensivas acompanhando diariamente as previsões meteorológicas.
Os cafeicultores estão “antenados” e fazem análises já baseadas na previsão de que não haverá chuvas na primeira quinzena de outubro e que as preciptações podem ocorrer apenas no final do mês e início de novembro. Os efeitos negativos já estão sendo apontados.
As plantas novas e que estão em solo mais arenoso e pedregoso estão em ponto de murcha, segundo o engenheiro agrônomo da área de Assistência Técnica da Cooperativa de Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso), localizada no município de mesmo nome na região Sul de Minas, Emerson Tinoco da Silveira.
Segundo ele, em São Sebastião do Paraíso, o déficit hídrico no acumulado do ano chega a 205,2 milímetros e a capacidade de o solo armazenar água está em 10% (déficit de 90 milímetros). “Está afetando não apenas a produção, mas também a vida da planta”, afirmou Silveira.
Além da falta de água, os dados têm mostrado que o metabolismo da planta está paralisado, pois o potencial de evapotranspiração real (total de água perdida para a atmosfera) está 28 milímetros, sendo que o normal é de 130 milímetros, explicou o representante da Cooparaíso.
A diferença da falta de água no solo em um mesmo município é muito expressiva e essa situação de irregularidade das preciptações também é vista como negativa para as lavouras de café, de acordo com Silveira.
Os dados da estação meteorológica da fazenda experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig), em São Sebastião do Paraíso, apontam déficit de 70 milímetros na capacidade de armazenamento de água do solo. Já os dados de toda a região sinalizam 90 milímetros de déficit.
De acordo com o professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMinas) e coordenador do MG Tempo – Cemig/PucMinas, Ruibran dos Reis, o percentual de água disponível no solo está abaixo de 20% em todo os municípios do Estado.
Há 175 dias não chove na região Norte de Minas e 70 no Sul e Triângulo Mineiro, sendo que as duas últimas regiões registraram chuvas esparsas na última semana, disse Reis.
Cooxupé – Em Guaxupé, no Sul do Estado, as chuvas irregulares não trouxeram alento ao produtor rural, de acordo com a Cooperativa dos Cafeicultores em Guaxupé Ltda (Cooxupé), que ainda não tem análises prontas sobre os danos da seca para a safra 2008/2009, por julgar que neste momento são prematuras as avaliações.
Segundo o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Rodrigo de Almeida Pontes, o mercado já está sinalizando alta dos preços, pois estão contando com a possibilidade de a seca afetar a produção da safra 2008/2009.
O preço da saca que estava em R$ 260, no final de setembro, chegou a alcançar R$ 275, destacou Pontes, acrescentando que o mercado de clima gera inconstância nos preços e nada indica que os patmares permanecerão em alta.