café
A primeira fábrica de café exclusivamente ecológico será instalada até o final de outubro na Área de Proteção Ambiental (APA) do maciço de Baturité, na comunidade do Lameirão, em Mulungu, município a 110 quilômetros de Fortaleza. A fábrica foi concebida pela Fundação Cepema a partir do projeto Recuperação, conservação e manejo de florestas nativas e antropogênicas.
Com financiamento de R$ 90 mil do Ministério do Meio Ambiente, o investimento foi utilizado para aquisição do maquinário, mão-de-obra e reforma do local. A unidade vai beneficiar, torrar, moer e embalar o café da região.
De acordo com o presidente da Fundação Cepema, Danilo Galvão, a produção será destinada, inicialmente, para o comércio local, mas a intenção é expandir para o todo o Estado. “Com a chegada das máquinas, em outubro, vamos começar a operar ainda com a safra deste ano. Apesar de estar tarde, alguns produtores reservaram café para a fábrica”, afirma.
Cerca de 130 pequenos agricultores de Aratuba, Mulungu, Guaramiranga, Baturité, Pacoti, Palmácia e Redenção serão beneficiados pela fábrica. Além de trabalhadores indiretos e mais 60 mulheres catadoras de café do Lameirão. “Estamos recadastrando todos os trabalhadores envolvidos”, ressalta.
“O principal é trabalharmos com a agricultura familiar, que são pessoas com difícil acesso ao crédito”, explica Galvão. Segundo um diagnóstico da Fundação Cepema, no mínimo, são 270 hectares que trabalham com o sistema agroflorestal cafeeiro na região.
Este tipo de cultivo não usa agroquímicos. A plantação é toda na sombra, pois consiste numa variedade arábica que não resiste ao sol. “A idéia é promover um processo sustentável, que não interfere na dinâmica natural da floresta”, explica o consultor do projeto, o agrônomo Eduardo Sobral.
A gestão da fábrica será comunitária, com apoio da Associação dos Produtores Ecologistas do Maciço de Baturité (Apemb). “A associação vai comprar a produção dos agricultores, processar e vender o café”, explica Sobral. “Outra possibilidade é que o próprio produtor terceirize o serviço da fábrica e venda o café com sua marca, mas ainda estamos decidindo”. O consultor acrescenta que ainda não está definido o nome do café ecológico que será produzido na unidade, mas projeta que o preço do quilo seja cerca de R$ 10,00. “Vamos trabalhar com embalagens de 500 e 250 gramas”, acrescenta Sobral.
O diferencial do café ecológico de Baturité é sua produção, desde a plantação até a embalagem, em área de Mata Atlântica. Isso confere a esta fábrica o título de primeira no Ceará em café ecológico. Algumas cooperativas de pequenos agricultores de café, também na região do maciço de Baturité, já comercializam café ecológico no Ceará, mas a fabricação (torrefação, moagem e embalagem) é feita em Fortaleza.
Outras grandes marcas de café trazem na embalagem o símbolo de café orgânico, mas este é exportado de outros estados. Além disso, o café ecológico não usa aditivos químicos em seu cultivo, não interfere na biodiversidade, ou seja, na dinâmica natural do meio ambiente. Segue os princípios da sustentabilidade, sem a interferência do homem. Este tipo de cultura relacionada ao café ainda é muito pequena no Ceará.