Perdas com greve superam US$ 100 mi

Publicação: 11/09/07

Por: DCI

A mais nova paralisação dos fiscais agropecuários já dura há quinze dias e não tem prazo certo para acabar. Nesse período, os importadores e exportadores do setor agrícola somam perdas superiores a US$ 100 milhões.


A paralisação, que começou há dois meses, foi interrompida três vezes.


Somente no Porto de Santos, os atrasos na área graneleira -responsável pelos embarques de açúcar, trigo, soja e fertilizantes- geram prejuízos que superam a casa de US$ 1 milhão, segundo o vice-presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque.


“Na Região Sul, os portos calculam prejuízos ainda maiores”, revela Roque. Segundo o executivo, 90% da capacidade dos terminais de carga do Porto de Santos estão ocupados. Entretanto, foi concedida liminar da Justiça Federal que determinou que os fiscais agropecuários do Porto de Santos voltassem ao trabalho, segundo o presidente do Sindamar, José Eduardo Lopes.


“Antes da liminar, os fiscais federais disseram que só iam vistoriar um navio por dia, e os navios permaneciam atracados por dois, três dias.”


O uso de liminar havia sido a alternativa encontrada pela direção do Moinho Santa Clara para agilizar o processo de liberação do trigo importado pela empresa e que estava parado em Santos.


A estimativa do empresário é de que 70 mil toneladas de trigo ainda aguardem liberação dos fiscais, que precisam retirar amostras para análise. Desse volume, 10 mil toneladas pertencem ao Moinho Santa Clara.


O Moinho Pacífico estava driblando a greve porque há dois meses só tem adquirido trigo do mercado interno.


Defensivos


A direção do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) informou que a retomada da paralisação dos fiscais federais agropecuários trará prejuízos ao abastecimento do mercado de defensivos agrícolas e pode prejudicar a safra de diversas culturas. Das 100 toneladas de defensivos importados, 60% estão atrasados.


A greve acontece no exato momento em que a indústria deveria processar volume representativo de produtos para a safra de verão que se aproxima, explica a executiva da área de comércio exterior do Sindag, Silvia de Toledo Fagnani. “As empresas não têm estoques suficientes para atender a esta demanda e, com isso, a safra de verão de grão, hortifrútis e algodão pode ser prejudicada.”


Segundo a executiva, nos próximos dias o Sindag pretende divulgar a cifra estimada para os prejuízos sofridos pela indústria de defensivos agrícolas, provocados pelo movimento grevista.


“Mas o prejuízo real dessa paralisação somente será calculado após a safra, quando o produtor repassar o possível aumento nos custos”, revela Silvia.


Couro


O bom desempenho das exportações de couro do País está comprometido, segundo a Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul (AICSul).


De janeiro a agosto, as vendas externas brasileiras de couros totalizaram US$ 1,5 bilhão, 24% mais do que no mesmo período no ano passado.


No entanto, muitas cargas estão trancadas, sem possibilidade de deixar o País. Calcula-se que hoje estejam retidas 10 mil toneladas de couros, num valor aproximado de US$ 10 milhões, segundo Paulo Griebeler, diretor executivo da AICSul.


“As empresas do setor estão em grande dificuldade diante da questão cambial, que reduziu drasticamente a rentabilidade nas vendas externas. Agora, o prosseguimento da greve dos fiscais está adicionando um problema às exportações de couro”, afirma Griebeler.


Algodão


A greve também está prejudicando as exportações de algodão, segundo a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), que está revendo suas estimativas de embarques para este ano.


Se a paralisação persistir, segundo a direção da Anea, as exportações devem alcançar 410 mil toneladas, 40 mil toneladas de algodão a menos do que o previsto inicialmente.
 

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