Alimentos sobem acima da inflação Café subiu 27,23% em Porto Alegre

ECONOMIA
05/09/2007 
 

Produtos mais consumidos aumentaram de 7,64% a 50,45% no ano
 
LÚCIA RITZEL
Leite, carne, café, farinha de trigo e feijão – base da alimentação dos brasileiros – lideram as altas de preços até agora no ano, com aumentos bem acima da inflação do período.

Divulgado ontem, o custo da cesta básica em Porto Alegre, calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) confirmou variações entre 7,64% e 50,45% no preço desses produtos, enquanto o custo de vida, também medido pela entidade, variou apenas 2,62% (até julho).

Mesmo se for considerado o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que contempla a variação dos primeiros oito meses do ano, os preços da ração básica aumentaram numa velocidade bem maior.

O IGP-M acumula variação de 2,75% até agosto. Segundo o Dieese, em Porto Alegre, a cesta básica, composta de 13 alimentos, custou R$ 206,39 no mês passado, acumulando variação de 10,83% no ano. Em relação julho, a alta chegou a 2,70%.

Pelo sexto mês consecutivo, Porto Alegre foi a capital onde a cesta básica é mais cara, apesar de que, em agosto, não figurou entre as maiores altas. Conforme o levantamento, todas as 16 capitais registraram elevação no custo dos alimentos básicos. As variações mais acentuadas ocorreram em Natal (9,62%), Fortaleza (8,18%) e Belo Horizonte (8,14%).

Uma combinação de fatores levou os consumidores a reparar novamente na velocidade de aumento das despesas com alimentos, afirma a economista do Dieese Daniela Sandi. O clima, por exemplo, foi o responsável pela disparada dos preços do tomate (16,33%, em agosto) e da batata (56,86% no acumulado do ano). A alta da carne e do leite, segundo Daniela, foi provocada também pela escassez de oferta:

– As vendas para o Exterior aumentaram muito, acabou faltando produto porque o consumo interno também está subindo – acrescenta.

O período de entressafra e a quebra da safra australiana reforçaram a escassez do leite. Apesar de a oferta estar se normalizando, Daniela acredita que os preços do produto permanecerão nesse patamar mais elevado, pois trata-se de uma recuperação em relação aos custos de produção.

Custo maior
Variações mais expressivas de preços em Porto Alegre, entre janeiro e agosto:
Maiores aumentos
Batata – 56,86%
Leite – 50,45%
Café – 27,23%
Carne – 16,68%
Farinha – 8,70%
Manteiga – 8,63%
Feijão – 7,64%
Baixas significativas
Açúcar – 19,15%
Banana – 14,29%
Óleo – 2,54%
Variação da ração
mínima (13 produtos): – 10,83%
Custo da cesta
básica em agosto – R$ 206,39
Porcentagem do
salário mínimo líquido – 58,81%
Fonte:Dieese/RS