Realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais, concurso de cafés naturais teve 12 lotes finalistas; 10 foram arrematados por japoneses. 2º colocado foi comprado por empresa inglesa
O lote campeão do 4º Concurso de Cafés Naturais do Brasil – Late Harvest, do produtor Camilo do Carmo Andrade Melles, da Fazenda Diamantina, de São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, foi comprado nesta terça-feira (7), durante leilão internacional, via internet, pela indústria Nhá Benta/Café Tiradentes, de São Paulo. Esta é a primeira vez que uma torrefadora brasileira participa do leilão do Late Harvest. Com 20 sacas de café arábica variedade Catuaí, o lote foi arrematado por US$ 6,878,42, ou US$ 343,92 a saca (equivalente a R$ 656,20 a saca, valor 2,5 vezes superior ao pago na mesma data, pelo mercado, para este tipo de café, em torno de R$ 260,00 / 265,00).
Organizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês), o Concurso de Cafés Naturais do Brasil teve, nesta quarta edição, 12 lotes finalistas. Desse total, 10 foram adquiridos por empresas japonesas e o 2º colocado por uma empresa inglesa. “Esses cafés são muito específicos e o concurso é ultra-exigente com relação à certificação, o que restringe a participação de muitos produtores. O resultado, no escopo geral, foi muito satisfatório. Todos os lotes foram arrematados”, avalia Alexandre Gonzaga, secretário-executivo da BSCA.
O café campeão da Fazenda Diamantina, certificado BSCA, passará a integrar a linha de Cafés Premiados Tiradentes. “Além de vender no mercado interno, vamos exportar um pouco também”, diz Carlos Alberto Rodrigues, presidente da Nhá Benta, dona da marca Tiradentes, com a qual está presente na Coréia, onde possui há um ano duas cafeterias em Seul – as primeiras de uma futura rede. “Sempre compramos os cafés vencedores de certames regionais e estaduais e dos concursos nacionais realizados pela ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café. Esta foi nossa primeira experiência em um leilão internacional, e dá prosseguimento à nossa especialização em trabalhar com cafés especiais”.
Cafés sustentáveis
Os cafés naturais são aqueles secos lentamente ao sol, num processo que permite a migração de açúcares da polpa para o grão, resultando em uma bebida mais encorpada, indicada principalmente como base de um blend para expresso. Justamente por causa desta alta qualidade é que o concurso leva o nome de “Late Harvest” – um paralelo com vinhos feitos com uvas num estágio avançado de maturação, que ficam muito mais doces e encorpados.
Nesta edição a organização do concurso autorizou a participação de 53 amostras, já que obrigatoriamente os lotes inscritos deveriam possuir ao menos uma dessas certificações: BSCA Nível 1, Utz Kapeh, ISO 9000, ISO 9001, ISO 14000, RainForest Alliance, Eurepgap, IMAFLORA, IBD, IFOAM, SAT e USDA.
O café campeão recebeu a nota 87,60, numa escala de zero a 100, dada pelos 12 integrantes do Júri Internacional que esteve reunido na Feira de Cafés Especiais da Europa, de 18 a 20 de maio, e que foi presidido pelo classificador, provador e conselheiro da BSCA Sílvio Leite. A seleção das amostras, em todas as etapas, é feita em provas cegas (sem identificação da origem do café) e segue a metodologia de avaliação sensorial, ou seja, cada lote é provado pelos profissionais que anotam, em um formulário próprio, notas para propriedades como corpo, sabor, doçura e grau de acidez.
Abaixo, o resultado do leilão dos lotes vencedores do 4º Concurso de Cafés Naturais do Brasil.
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