ANÁLISE-Fundamentos seguram commodities em meio à queda de ações

Sexta-feira 27 de Julho, 2007 5:39 GMT

Por: Reuters Brasil

Por Roberto Samora


SÃO PAULO (Reuters) – Os preços das commodities agrícolas, em especial dos grãos, estão no momento menos suscetíveis às turbulências nos mercados financeiros e mais ligados aos fundamentos de cada produto, desde que a situação não comece a afetar a renda e o crescimento das economias, disseram especialistas nesta sexta-feira.


Na quinta-feira, enquanto as ações de Wall Street caíram fortemente devido a problemas com crédito nos EUA, contaminando outras bolsas de valores internacionais e valorizando o dólar no Brasil, os grãos em Chicago fecharam em alta. Nesta sexta, a soja e o milho foram negociados mais sob influência do “mercado climático” nos EUA.


“Se (o mercado) começar a ver que isso está impactando negativamente na economia, pode ocasionar um impacto negativo nas commodities como um todo, o que ainda não é o caso”, afirmou a vice-presidente da vendas da Fimat em Nova York, Flávia Moura, por telefone.


Ela destacou que os mercados agrícolas estão, atualmente, mais ligados a fundamentos, ressaltando ainda que a liquidação que os fundos fizeram desde meados de junho, embalados pela melhora nas condições da safra dos EUA, deixou pouco espaço para uma maior contaminação por turbulências financeiras agora.


“Em geral, os fundos têm muito pouco para queimar no milho, eles saíram de uma posição de quase 370 mil contratos comprados, hoje têm 90 mil contratos apenas, fizeram uma bela liquidação”, disse ela, lembrando que na soja a situação é semelhante.


A corretora disse ainda que, no caso da soja, o mercado de Chicago está sofrendo com uma queda na demanda da China, em meio à redução das margens do esmagamento chinês, num período de preços mundiais historicamente elevados.


Flávia não descartou, no entanto, quedas nos preços agrícolas se essa turbulência se transformar em uma crise maior e afetar o desempenho das economias. “Vão sentir muito mais se os números começarem a afetar a economia em geral.”


O diretor da MB Agro José Carlos Hausknecht concorda. “Os fundamentos dos mercados agrícolas estão muito fortes, não têm por que serem afetados por esse movimento, que é mais de crédito”, disse ele, lembrando ainda que a nova demanda de produtos agrícolas para biocombustíveis mudou o patamar de preços das commodities.


“Em princípio não vemos (a turbulência) afetando grandemente o crescimento, a renda de países como a China… apesar do nervosismo, então não tem motivo de ter um movimento mais brusco nos mercados agrícolas.”


DE OUTRO LADO, O CÂMBIO


As fontes destacaram também que esse nervosismo nos mercados financeiros, caso se repita, pode fortalecer o dólar frente ao real, como ocorreu na quinta-feira, e elevar os preços pagos aos produtores brasileiros de soja e café, o que estimularia os ganhos e consequentemente as vendas.


“Falando de mercado interno, tem a questão do dólar, que com certeza é um fator interessante para o pessoal da agricultura, isso é repassado, rapidamente internalizado nos preços”, disse Hausknecht.


“A desvalorização (do real) causa um estímulo muito maior para o setor de exportação”, acrescentou Flávia.


Com a valorização do dólar de mais de 3 por cento na quinta-feira, associada a uma alta da soja em Chicago, os negócios aumentaram razoavelmente no mercado interno.


“Deu uma puxada, houve comercialização… mas durou algumas poucas horas”, disse o corretor Antônio Sartori, da Brasoja, no Rio Grande do Sul. Nesta tarde, o dólar recuava .


(Por Roberto Samora)

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