A Abic (Associação Brasileira da Indústria de café) está divulgando os “Indicadores da Indústria” com os resultados apurados no período de maio de 2006 a abril de 2007.
Os dados apontam que o consumo aumentou 5,81% em relação a maio/ 2005 e abril/2006, indo de 15,95 milhões de sacas para 16,9 milhões de sacas. “Considerando que o consumo mensal médio está sendo de 79 mil sacas, pode-se dizer que ao fim de junho de 2007 o mercado interno no Brasil já havia ultrapassado os 17 milhões de sacas”, disse Guivan Bueno, presidente da Abic.
Neste mesmo período (maio/ 2006 a abril/2007), o consumo per capita foi de 5,52 kg de café em grão, cru, ou 4,41 kg de café torrado, ou quase 73 litros para cada brasileiro por ano. A evolução de 4,5% em relação ao período anterior (contra 3,9% na ultima apuração), confirma, segundo a entidade, a constatação da pesquisa da InterScience que mostra que os consumidores estão tomando mais xícaras de café por dia.
“Este resultado coloca o consumo por habitante/ano do Brasil em patamares muito semelhantes ao de países como Alemanha (5,86 kg/ hab), França (5,05 kg/hab) e Itália (5,63 kg/hab), que estão entre os que apresentam o maior consumo per capita em todo o mundo, segundo dados da Organização Internacional do café”, disse Natal Martins, diretor de Pesquisa e Economia da Abic.
Em seu relatório econômico, a Abic atribui o crescimento do consumo a um conjunto de fatores que se repetem há anos de forma consistente e duradoura. Entre eles está a melhoria contínua da qualidade do café oferecido aos consumidores, que foi ampliada com o PQC (Programa de Qualidade do café), lançado pela Abic no fim de 2004 e que, atualmente, já certifica mais de 210 marcas em todo o Brasil.
Outro indicador positivo é a consolidação do mercado de cafés tipo gourmet ou especiais, diferenciados e de alta qualidade, que despertam cada vez mais atenção, interesse e curiosidade junto aos consumidores, sendo apontados na pesquisa da InterScience como um dos fatores mais importantes para a conquista de novos consumidores, principalmente, entre os jovens.
A melhora significativa da percepção do café quanto aos aspectos dos benefícios para a saúde, como resultado dos grandes investimentos no Programa café e Saúde, que todo o agronegócio apóia, é mais uma atribuição da alta do consumo de café.
A Abic também destaca como fundamental para o aumento consistente do consumo interno o PIM 2007 (Programa Integrado de Marketing), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Essa é uma parceria bem-sucedida do governo com todos os segmentos da iniciativa privada que participam do Comitê de Promoção e Marketing do Conselho Deliberativo da Política do café”, explicou Lucas Tadeu Ferreira, diretor do Dcaf (Departamento do café), do Mapa, que coordena o PIM.
Este ano, o PIM conta com recursos do Funcafé no valor de R$ 13 milhões (com contrapartida da iniciativa privada), sendo que R$ 8 milhões estão sendo aplicados na ampliação do mercado interno, e R$ 5 milhões para promoção do café no exterior.
“Estes programas têm tido importância fundamental na promoção interna e externa do café como, por exemplo, no desenvolvimento do Programa café e Saúde, que objetiva gerar informações e conhecimentos para a comunidade cientifica, médica e consumidores”, explicou Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic.
Como exemplo, ele citou a campanha “café também é saúde”, que está sendo realizada na cidade do Rio de Janeiro durante este mês de julho, coincidindo com o período de férias e de realização dos Jogos Pan-americanos.
Outros fatores que contribuem positivamente são o consumo fora do lar, que continua a se ampliar –no trabalho, nas cafeterias, nos restaurantes, panificadoras etc.– e o aumento em 4% do total de consumidores que tomam café todo o dia, conforme mostra pesquisa da InterScience. Este estudo revela que houve incremento de 100% no consumo de café entre as pessoas da classe A, e de 45% nas da classe B.
Este resultado está associado ao interesse nos cafés de alta qualidade, os gourmet ou superiores, que mesmo com preços mais elevados passam a representar a preferência destes segmentos de consumidores. “Assim, em 2007 segue firme a expansão das cafeterias em todo o país, bem como a das empresas estrangeiras que recentemente abriram os seus estabelecimentos em São Paulo”, avaliou Herszkowicz, para quem “o mercado interno brasileiro se mostra maduro para assimilar inovações e novos produtos”.
O resultado de 16,9 milhões de sacas (ou 17 milhões) representará 52% da safra que está sendo colhida, que será de 32,09 milhões de sacas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) . “O montante está muito próximo das expectativas da Abic para 2007, que é de 17,4 milhões de sacas”, disse Natal Martins, lembrando que a meta de atingir os 21 milhões de sacas até 2010 parece estar mais próxima.
Para tanto, o consumo interno deverá crescer 6%, em média, ao ano, incorporando mais de 1,1 milhão de sacas a cada 12 meses. Com relação aos preços ao consumidor, estes evoluíram, na média, 20% desde janeiro/2007, principalmente em função dos aumentos das cotações do grão ocorridas no fim de 2006.
As vendas do setor podem alcançar R$ 6,7 bilhões em 2007, contra R$ 5,4 bilhões em 2006. Entretanto, Natal Martins disse que os bons resultados em volume e expansão do mercado interno ainda não representam recuperação da rentabilidade do setor. “O preço do café aos consumidores evoluiu somente 17% entre julho/1994 e dezembro/2006, contra uma variação da cesta básica nacional de 135%”, apontou.
“Aliás, o café representava 12% do custo da cesta básica em 1994 e seu valor relativo caiu para somente 5,7% em 2006”, concluiu Martins.