Em 10/07/2007
O cafeicultor Arnaldo Reis Caldeira Júnior, na região de Carmo da Cachoeira (Sul de Minas), já contabiliza os prejuízos. Segundo ele, a florada desordenada prejudicou a maturação e aumentou significativamente a porcentagem prevista de café conhecido como “escolha”, de pior qualidade. Conseqüentemente, está havendo quebra na produção de cafés valorizados pelo mercado. Professor e cafeicultor em Machado (Sul de Minas), Ivan Franco Caixeta relata que o problema é agravado pela maturação muito rápida, onde os frutos verdes e maduros estão apresentando rachaduras numa intensidade muito alta, com queda, o que irá prejudicar a qualidade da bebida.
Consultor em Cafeicultura na região das Matas de Minas, Sérgio Moraes Gonçalves sintetiza: “Depois do extenso veranico de janeiro do ano passado, fisiologicamente, as plantas estão malucas”. Ele observa, principalmente em lavouras de maior altitude, que as gemas reprodutivas diferenciaram-se em vegetativas e que a produção desta safra está aquém da expectativa, com grande porcentagem de grãos verdes.
No Vale do Jequitinhonha, na região das Chapadas de Minas, o engenheiro agrônomo e cafeicultor João Marcos Altieri Ramos também observa maturação muito desuniforme. “Estamos colhendo chumbinhos, chumbões e até cabeças de alfinetes para não ter que depois levantar café seco e fermentado do chão”, ressalta, lembrando que a colheita está mais cara e com pior rendimento. Doutor em fitotecnia, Marcelo Antônio Tomaz acredita que os contratempos fisiológicos vão continuar ao longo do ano também na região de Martins Soares (ES). Ele relata ter verificado plantas florescendo e outras com botões florais bem adiantados.
Consultor no Sul de Minas e região da Mogiana (SP), Pedro Paulo de Faria Ronca descreve os mesmos sintomas, com destaque para as floradas em junho e brotações secundárias. Segundo relato do engenheiro agrônomo Marco Antônio dos Santos, na região de Morungaba (SP) também está ocorrendo tudo o que não se pode querer, pois no mesmo ramo são encontrados grãos secos, verdes, quase maduros e chumbinhos. Ele também reclama da alta porcentagem de grãos verdes e do baixo rendimento. “E ainda florada em pleno mês de junho!”, desabafa.
Fonte: Embrapa Café