Especialistas buscam elos em nanotecnologia para produção agrícola e mercado de commodities

Por: 04/06/2007 15:06:11 - ClicKNews

O Workshop Internacional em Nanotecnologia, Comodities e Desenvolvimento, ocorrido em Itacuruça (RJ), deixou clara a preocupação de pesquisadores de vários países quanto à influência dessa nova ciência na sociedade, na economia e, principalmente, quanto aos rumos a serem tomados para responder às demandas da produção agrícola e o mercado de comodities. O encontro realizado nos dias 30 e 31 foi promovido pelo Meridian Institute – entidade formada pelo Internacional Development Research Centre (Canadá), The UK Departament for Internacional Development (DFID) e The Rockefeller Foundation (EUA)-, e contou com o apoio da Embrapa e da Fundação Oswaldo Cruz.


Mais de 2,5 bilhões de pessoas no mundo vivem da produção e comércio de comodities. Em alguns países, a economia depende basicamente da exportação de 2 ou 3 produtos de baixo valor agregado e sujeitos às oscilações de preço no mercado internacional. Países africanos como Burundi, Uganda e Ruanda têm mais de 60% das exportações vinculadas a café, chá verde e açúcar. Na América Latina, Cuba, Equador e Paraguai têm forte dependência de açúcar, banana e soja. Isto os deixa vulneráveis.


“Não sabemos ainda como a nanotecnologia pode influenciar este contexto. Por isto, o desafio é unir especialistas e centros de pesquisa para analisar a velocidade da aplicação de nanotecnologias na produção de comodities, seus impactos e as saídas para atender as demandas”, salientou Rex Raimond, do Meridian Institute (EUA).


A Tailândia, maior produtor de borracha natural do mundo, depara-se com o dilema de exportar matéria-prima a baixíssimos preços e importar pneus com valores muito superiores do Japão e Estados Unidos. “Se tivéssemos tecnologia para manter o látex líquido, poderíamos agregar valor ao produto e diversificar o mercado, obtendo renda mais significativa. A nanotecnologia pode resolver isto”, ilustrou Joydeep Dutta, diretor do Asian Institute of Tecnology.


Pelo Brasil, Álvaro Macedo da Silva, Chefe-Geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos-SP), deu alguns exemplos de como a nanotecnologia contribui na área de alimentos e conservação dos recursos naturais. A língua eletrônica usa sensores para determinar características de sucos, bebidas de café e qualidade da água. Filmes à base de quitosana, objeto de pesquisa da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ), conservam frutas e ampliam o tempo de prateleira.


Outro exemplo de aplicação da nanotecnologia é o uso de minérios como as zeólitas, que têm redes de poros nanométricos de alta capacidade de retenção de compostos nitrogenados, o que as tornam ideais para reduzir a quantidade aplicações de fertilizantes. Estudos da Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ) mostraram ganhos de 20% na produtividade de hortaliças. “Este é um bom exemplo de uma nanoestratégia da natureza que vira nanotecnologia quando utilizada na produção de alimentos”, explicou Macedo.


O princípio da precaução também foi evocado no Workshop por meio de Carlos Amorim, da União Internacional dos Trabalhadores na Agricultura, Alimentos, Hotelaria, Restaurantes e Tabacos (UITA), entidade reconhecida pela OIT com representação em vários países. “Qualquer que seja o avanço, o ser humano tem que estar no centro das discussões e, neste momento, não podemos perder de vista questões como êxodo rural, meio ambiente e intercâmbio de conhecimentos com a sociedade”.


Para Geraldo Eugênio de França, diretor-executivo da Embrapa, as parcerias nas áreas de biotecnologia e nanotecnologia serão decisivas para produção de alimentos e energia. “Nos próximos 15 anos, o cenário será de escassez de água e aumento da temperatura. As tecnologias poderão dar respostas para uso racional dos recursos naturais, mas para serem eficientes também precisam chegar aos pequenos produtores em tempo certo e preço acessível”.



Outras informações:


José Geraldo Eugênio de França (geugenio@sede.embrapa.br)
Diretor-executivo da Embrapa
(61) 3448 4343


Álvaro Macedo da Silva (chgeral@cnpdia.embrapa.br)
Chefe-Geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária
(16) 3374 2477


Celso Manzatto
Chefe-Geral da Embrapa Solos
(21) 2274 8147


Murilo Freire Júnior (mfreire@ctaa.embrapa.br)
Embrapa Agroindústria de Alimentos
(21) 2410 9646 ou 2410 9500


Soraya Pereira (MTB 26165/SP). (soraya@ctaa.embrapa.br)
Embrapa Agroindústria de Alimentos
(21) 2410 9540 ou 9885 0535
 

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