Autor: A Tribuna do Povo
Estudos elaborados pelo Fundo Comum de Produtos de Base (CFC, sigla em inglês para Common Fund for Commodities) mostram que os produtores agrícolas recebem no máximo 10% dos preços finais dos seus produtos. Segundo a entidade, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), eles competem com os produtores de países industrializados, que contam com subsídios de seus governos. “São impostas tarifas pesadas e barreiras sanitárias para as importações, com evidente protecionismo”, diz o presidente do CFC, embaixador Ali Mchumo.
Desde essa segunda-feira, até sexta-feira, representantes de mais de 100 países participam do encontro promovido pelo fundo para discutir temas como a valorização do lucro no mercado internacional, o desenvolvimento de condições técnicas e a maior concessão de crédito a produtores agrícolas dos países pobres.
De acordo com o economista do CFC Hardi Vieira, a maioria dos países que produzem commodities (café, amendoim, arroz, milhor, por exemplo)vende mais de 50% desses produtos ao exterior. Em alguns locais, esse índice pode chegar a 80%. Dos 114 países em desenvolvimento, acrescenta Vieira, 95 têm nas commodities a base de sua economia. Na avaliação do embaixador Mchumo, os lucros com o aumento das exportações deveriam “ajudar os países em desenvolvimento a saírem da pobreza”.
Ele pondera que isso não acontece porque, de certo modo, os lucros não são direcionados a esses países. “Quando chegam no exterior, esses produtos básicos são transformados de maneira mais sofisticada, embalados de forma mais atraente e recebem uma marca comercial. Enquanto isso, o lucro dos produtores em todo o mundo tem decaído substancialmente ano após ano”.
Em relação aos subsídios agrícolas, Vieira diz que países industrializados chegam a investir até US$ 1 bilhão em favor dos produtores locais. “Isso distorce o mercado internacional e impede a ascenção das commodities dos países mais pobres”.
O economista defende que o assunto deve ser discutido, principalmente, na Organização Mundial do Comércio (OMC). “As pessoas nem querem falar nisso, mas temos que romper essa barreira de silêncio, porque para produtores agrícolas europeus é muito conveniente conviver com os mecanismos protecionistas de seus países”, observou, acrescentando que a maioria dos prejudicados está na África, na região do Oceano Pacífico e do Caribe.