HISTÓRIA DO CAFÉ – O Café em Ribeirão Preto

Os primeiros habitantes de Ribeirão Preto eram mineiros que adentraram a Província de São Paulo e foram ocupando as terras não exploradas. A formação do município esteve ligada ao processo de formação do patrimônio de São Sebastião, ainda na primeira metade do século XIX, quando alguns moradores das fazendas que formam o atual território do município doaram terras a Igreja com dois objetivos: o primeiro era estabelecer uma capela nas proximidades e o segundo era facilitar o processo de legalização de suas propriedades. O início do processo foi em 1845, mas, somente em 19 de junho de 1856 as doações foram aceitas e oficializadas.


Na época, as terras do município eram utilizadas para a agricultura de subsistência e para a criação de gado, sendo estas duas atividades as responsáveis pelo desmatamento e a abertura das primeiras fazendas.


Na década de 1870 o município de Ribeirão Preto começou a fazer parte da frente de expansão cafeeira. Um dos principais motivos foram o esgotamento dos solos do Vale do Paraíba paulista e fluminense e a queda na produtividade da região cafeeira de Campinas. A família Junqueira e a família Pereira Barreto foram as pioneiras na exploração da cafeicultura como atividade intensiva na região.


Em 1876, Luiz Pereira Barreto, cafeicultor no Vale do Paraíba fluminense, introduziu na Região de Ribeirão Preto o café tipo bourbon. O mesmo Luiz Pereira Barreto mandou amostras da terra de Ribeirão Preto para serem analisadas na Bélgica e os resultados das análises foram publicados no jornal “A Província de São Paulo”. No ano de 1877, Martinho Prado Júnior publica no mesmo jornal outro artigo, mostrando que as terras, o clima e a altitude do município eram excelentes para o cultivo do café.


Entre os principais produtores de café em Ribeirão Preto, no final do século XIX, destacam-se os que já estavam na região como a família Junqueira; os que vieram de outras regiões produtoras em decadência, como a família Barreto e a família Dumont; os que vieram de outras regiões cafeicultoras ainda em plena atividade, como a família Prado e os imigrantes, como a família Schmidt.


O rápido desenvolvimento da cafeicultura em Ribeirão Preto ocorreu não só devido ao grande capital nela investido, mas também graças à preparação anterior das terras promovida pela agricultura e pela criação de subsistência. Contudo, a qualidade da terra, a altitude e o clima favoreceram a alta produtividade, que proporcionou um lucro maior para os produtores.


A expansão da cafeicultura demandava mão-de-obra. Algumas fazendas foram formadas com mão-de-obra local, outras foram abertas com mão-de-obra trazida de outras regiões do país. A maioria dos trabalhadores era livre, mas não se pode deixar de considerar a presença de um pequeno número de escravos durante o processo.


A mão-de-obra imigrante teve papel fundamental na consolidação do café no município, sendo responsável pela manutenção das lavouras mesmo antes da abolição, provocando, no município, um grande aumento populacional.


Em 1883 foi inaugurada a primeira Estação da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, o que favoreceu o escoamento da produção de café e facilitou a chegada dos imigrantes.


A estrutura do município foi fortemente influenciada pela cafeicultura, pois o aumento populacional por ela provocado demandava, principalmente, a expansão da área urbana e a diversificação do comércio.


A cidade de Ribeirão Preto passou a ser um centro distribuidor de mercadorias para as fazendas e para as cidades não servidas pela ferrovia.


Os impostos sobre as atividades urbanas do município permitiram que a administração municipal pudesse fazer as obras de infra-estrutura demandadas pela população, entre elas as redes de água e esgotos, o calçamento das ruas e a arborização das praças e jardins.


(Luciana Suarez Galvão Pinto. Ribeirão Preto – A Dinâmica da Economia Cafeeira de 1870 a 1930. Dissertação de Mestrado. Departamento de Economia. Unesp – Araraquara, 2000).


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A Cultura do Café


O produção de café foi o primeira atividade agrícola intensiva de Ribeirão Preto, até  então  os habitantes da região viviam da agricultura de subsistência e da pecuária.


A partir de 1870 alguns fatores internos – como a resolução dos principais conflitos de disputa e legalização de terras e externos, como a decadência da produção cafeeira no Vale do Paraíba e a chegada da ferrovia em Campinas (1872) – contribuem para situar a região de Ribeirão Preto no centro da nova fronteira agrícola a ser explorada.


A marcha dos plantadores de café em direção à região da Alta Mogiana foi gradual. Em  1870 alguns proprietários de terras em Ribeirão Preto começaram a formar seus cafezais, entre eles estavam Manoel Otaviano Junqueira, José Bento Junqueira, Rodrigo Pereira Barreto e João Franco de Moraes Octávio.


Ainda na década de 70 do século XIX, Henrique Dumont, Martinho Prado Júnior (Martinico Prado) e Luiz Pereira Barreto chegaram à região, adquiriram terras e começaram a cultivar café.


Em 1876, Luiz Pereira Barreto publicou diversos artigos no jornal <A Província de São Paulo> (atual O Estado de São Paulo) sob o título <A Terra Roxa> onde enaltece a riqueza e fertilidade das terras da região de Ribeirão Preto para o cultivo do café, figurando como o primeiro grande propagandista destas terras. A família Pereira Barreto, tendo a frente Luiz Pereira Barreto foi também a responsável pela introdução do café tipo bourdon nesta região.


Em 1877 Martinho Prado Júnior também publicou um artigo no mesmo jornal <A Província de São Paulo> sob o título <Os Municípios de São Simão e Ribeirão Preto>, onde prevê um grande futuro para a esta região que <têm as melhores terras para o café do Brasil e do mundo>.


Entre 1870 e 1900 o café produzido no município já era conhecido na Europa pelo nome das próprias fazendas que o produziam: Café Guatapará, Café São Martinho, Café Monte Alegre, etc.


(fonte: Ribeirão Preto: A Dinâmica da Economia Cafeeira de 1870 a 1930 de Luciana Suarez Galvão Pinto).

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