Para o embaixador Rubens Barbosa, que durante cinco anos foi presidente da APPC – Associação dos Países Produtores de Café (1994-1999), em Londres, a atual crise financeira mundial, gerada há cerca de dois anos pela ‘bolha’ imobiliária nos Estados Unidos, gerou uma desaceleração da economia, e não uma recessão. “Acredito numa desaceleração rápida da economia norte-americana e este ano o crescimento deve ficar entre 1% e 2%. Mas o Brasil está melhor preparado para enfrentar esta turbulência”, disse, acrescentando que o País vive uma situação muito melhor que a vivida nos anos 90.
Falando para um público de mais de 500 pessoas, na palestra inaugural do 9º Agrocafé, evento aberto na manhã desta segunda-feira (3) no Pestana Bahia Hotel, em Salvador, Rubens Barbosa analisou o tema “O Brasil e o Mercado Internacional do Café” sobre quatro aspectos: tendências da economia do mercado agrícola mundial; mercado global e Brasil; a questão da sustentabilidade; e a questão da renda do produtor.
Para Barbosa, o grande desafio do cafeicultor é manter a venda estável, as vantagens competitivas, e focar mais os custos do que os preços. “Como é que o produtor vai reduzir seu custo além do que já está fazendo com aumento da produtividade, tecnologia?” questionou, respondendo que a redução do custo do produtor vem da maior racionalização da infra-estrutura, do transportes, da parte fiscal, da legislação, da melhor maneira de tributação social, pelo preço dos fertilizantes e, também, no caso dos produtores, de uma redução das taxas de juros e pela mudança na questão do câmbio. Para o embaixador, com a abertura do mercado brasileiro e com a redução das tarifas, hoje, o aumento da competitividade do produto brasileiro, não só agrícola, como industriais, passa necessariamente pela redução do Custo Brasil e também por uma revisão do comportamento do câmbio.
Rubens Barbosa lembrou diversas conquistas dos produtores e da cadeia café nos últimos anos, citando entre os exemplos o fato do produtor brasileiro ter criado condições para capturar uma grande parte, cerca de 90%, do preço FOB das exportações. “Nenhum outro país do mundo, do setor cafeeiro, conseguiu isso. O Brasil fez grandes avanços na comercialização: foi criado a Cédula do Produtor Rural, a CPR, que tem permitido aos cafeicultores diversificar suas estratégias de vendas e financiamento, pois antes eram ‘prisioneiros’ do preço spot”.