SAFRAS (04) A cafeicultura baiana vive um momento especial, com amplas perspectivas de avanços e nenhuma possibilidade de retrocesso. Este foi o cenário apresentado no painel “cafés da Bahia Potencial de Crescimento e Melhoria de Qualidade e Exportação”, durante o 9 Agrocafé Simpósio Nacional do Agronegócio café, realizado no Pestana Bahia Hotel, em Salvador.
Coordenada por Sílvio Leite, presidente da Assocafé Associação de Produtores de café da Bahia, a mesa contou ainda com as presenças de Ramiro Amaral, da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Humberto Santa Cruz, presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA) e Evair Mello, Secretário de Agricultura de Venda Nova do Imigrante (ES).
Com a área cultivada tendo saltado de 87 mil para 136 mil hectares entre 1995 e 2007, fatores como o crescimento do mercado mundial, a manutenção da alta dos preços internacionais e a ampliação do mercado interno reforçam o otimismo dos produtores de café da Bahia. Como indicou Ramiro Amaral, a cafeicultura hoje está distribuída em diversas regiões do estado, inclusive no semi-árido. “E isso nos deixa numa posição estratégica tanto para produzir como para escoar nosso produto”.
A produção do estado em 2007 atingiu a casa de 2,2 milhões de sacas e a estimativa para 2008 fica em torno de 2,6 milhões. Atualmente são 10 mil produtores distribuídos em 167 municípios, gerando cerca de 250 mil postos de trabalho. O montante das exportações de café produzido na Bahia foi de 782 mil sacas no ano passado.
Quarto maior produtor de café do país, a Bahia apresenta algumas vantagens competitivas, como apresentou Amaral: disponibilidade de área, colheita seletiva, realizada, sobretudo pelos pequenos produtores, tradição de despolpar o café, dentre outras. “E o que assistimos diante deste quadro são diversas empresas de outros estados chegando à Bahia para usufruir desse grande potencial e, principalmente, da alta qualidade do produto produzido aqui”.
Com condições favoráveis para produzir todos os tipos de café, a Bahia apresenta grande potencial de crescimento em produção e exportação, como avalia o representante da EBDA. “O que esperamos, é que o governo dê o devido apoio ao agronegócio do café, porque não podemos desperdiçar este enorme potencial”.
Uma das regiões que mais se destaca no agronegócio brasileiro, o Oeste da Bahia teve a sua produção cafeeira apresentada pelo presidente da AIBA, Humberto Santa Cruz. Com cerca de 12 mil hectares ocupados pelas lavouras de café, a expectativa é que em 2008 a produção na região atinja as 583 mil sacas. Para Santa Cruz, “a região tem potencial e quem entrar no agronegócio do café certamente vai obter bons resultados. Mas, precisamos que esse governo entenda a necessidade de políticas agrícolas com A maiúsculo e P maiúsculo”.
Como exemplo, ele citou a lavoura de algodão do Oeste baiano, que em apenas 12 anos saltou de 12 mil para 300 mil hectares, devido a incentivos fiscais, como a redução de até 50% sobre o valor do ICMS. “O que precisamos é nos unir, elaborar um documento e mostrar para o governo que não aceitamos mais continuar na mesma situação. Somos geradores de empregos e, devido aos altos custos de produção, não conseguimos ser geradores de renda”, enfatizou.
Para Evair Mello, é a qualidade do café produzido aqui que vai conduzir a Bahia a uma posição privilegiada no cenário mundial. Como indicou o secretário, o estado tem o perfil necessário para a produção de todos os aromas, principalmente pela capacidade de adaptação tecnológica dos produtores. “A cafeicultura baiana pode suprir a demanda mundial pelo café de alta qualidade.
Temos volume, tanto de arábico quanto de robusto, e com a qualidade que as melhores cafeteiras do mundo querem ver em suas xícaras”, destacou.