Presidente da Frente do Café faz defesa do produtor destacando que o governo
Federal age como agiota, financiando um populismo que mata o meio rural –
Lideranças na abertura da 7º Café Botelhos: defesa do produtor
A
Café Botelhos reuniu 50 expositores
Desafiando um dos momentos mais críticos da cafeicultura nacional – que
enfrenta grave endividamento e perda de renda, foi aberto na sexta-feira (21) o
7º Café Botelhos, evento que reúne dezenas de expositores de produtos, máquinas,
equipamentos e serviços para o setor cafeeiro. A sétima edição do evento, que se
consolida como uma das principais feiras de negócios e oportunidades do café no
Sul e Sudoeste de Minas, contou com a presença de expressivo público visitante,
além de lideranças representativas de cooperativas, sindicatos e do setor
político, como o presidente da Frente Parlamentar do Café na Câmara Federal,
deputado Carlos Melles.
“O município de Botelhos deve muito à produção de café. Sabemos que em todos
os âmbitos de produção, há fases que são difíceis de enfrentar, mas com a
dedicação, persistência, o setor cafeeiro vem transpondo todos os obstáculos,
superando intempéries com trabalho árduo e a convicção de que é necessário ter
coragem para atingir o progresso”, destacou o vice-prefeito Alvinor Silveira,
encerrando sua fala dizendo que e “cada pessoa presente tem a consciência da
necessidade de um evento como este, que aproxima o produtor a tecnologia”.
Dinheiro e política – “Eu estou aqui com pessoas ligadas ao café, esse
batalhador incansável, esse amigo, companheiro de classe, o deputado federal
Carlos Melles, e também representado aqui o deputado Geraldo Thadeu, no qual
lutamos incessantemente por esse produto tão nobre e apaixonante que é o café”,
disse no início de sua fala o vice-presidente da Cooxupé, Carlos Augusto
Rodrigues de Melo.
O dirigente disse que falava com propriedade “porque à
frente da Cooxupé nós sentimos a dificuldade de desenvolver feiras como esta,
mas que isso tudo em momentos difíceis vem nos encorajar para dar seqüência à
cafeicultura, razão maior da economia da nossa região”.
Carlos Augusto frisou que “temos a felicidade de ter frente a essa luta da
política da cafeicultura junto às esferas estadual e federal, pessoas com
conhecimento, como o deputado Carlos Melles liderando esse trabalho, porque
café, como eu aprendiz ao longo da minha vida, só se constrói com duas maneiras:
primeiro com dinheiro e segundo com política”.
O vice-presidente da Cooxupé finalizou ressaltando que “sempre nós temos que
ter pessoas gabaritadas, que consigam recursos no momento certo, adequado, para
que o café ao longo do ano possa ser ordenado de maneira comercial e vendido de
uma maneira inteligente”.
Em sua fala o deputado federal Carlos Melles disse que iria fazer alguns
comentários que eu vem reiterando ao longo dos anos. “O Carlos Augusto colocou
muito bem, de uma forma ele quis falar do dinheiro e a nossa impressão é de que
ele quis falar o seguinte: o café precisa de preço. Não podemos vender mais como
nós estamos vendendo há 10 anos, com a melhor produtividade de café do mundo,
vender abaixo do custo de produção”.
Elogiando Botelhos pela simbologia do município no café, destacando que
Botelhos produz não só a melhor qualidade do café do Brasil, como tem
pioneirismo na história desde 1968 e 1969, o que marcou na renovação da
cafeicultura moderna.
Vendendo com prejuízo – “Ás vezes eu estou meio desanimado, cansado, mas como
a gente não leva a chama de esperança, e eu estou falando aqui do Geraldo
Thadeu, que representa a gente brilhantemente lá em Brasília, do Mosconi e do
Antônio Carlos Arantes na Assembléia, infelizmente não são muitos os que vestem
a camisa da roça não. Porque não é um bom negócio político representar a roça, o
produtor. Mas a vida nossa é o nosso povo da roça, o que seria de Botelhos sem o
café, sem o arroz, sem o feijão, sem o milho. É uma coisa quase que milagrosa
ver se isso aqui (a 7ª Café Botelhos) numa crise, como o café está e não é de
hoje”, disse o deputado.
O deputado enfatizou que “o Carlos Augusto falou bem, essa deve ser a 2º ou a
maior safra da história brasileira do café. Como é que a gente explica isso,
vendendo com prejuízo, aumentando a produção, melhorando a qualidade, que
milagre é esse?”. Agiotagem – Respondendo o deputado frisou que “o milagre é que
o governo está fazendo o que qualquer agiota faz. O que o agiota faz quando sabe
que o devedor é bom? E porque que o devedor é bom. Não é bom só na produção, é
porque tem a terra, que é um grande patrimônio, ele deve e não pagou, o governo
alonga a dívida e dá mais um dinheirinho. Eu faço fluxo de caixa, mas eu estou
enforcando o produtor, isso tem me indignado, isso tem me revoltado, porque nós
estamos sendo usados, sindicatos, cooperativas, associações, e o produtor mais
usado ainda”.
Num discurso claro e que chamou a atenção dos presentes, Carlos Melles
ressaltou que “esse é um governo que não merece a atenção nossa, não é porque eu
só de lá, ou sou de cá, é porque não olha o setor que equilibrou o Brasil no
Plano Real, já que foi a cesta básica que manteve o Plano real sem inflação. E
vem até hoje, a cesta básica custava 40% do salário mínimo, hoje ela custa 15%
do salário mínimo, o brasileiro come barato graças a Deus, e melhor, mas às
custas do produtor rural, isso é preciso que a sociedade perceba e a gente não
tem força para a sociedade perceber isso”. O parlamentar mineiro citou que a
cada R$ 515,00 o governo toma pra traz 40% em impostos, ou seja, R$ 200 e a cada
imposto devolvido quando aumenta o salário, aumenta a concentração de renda do
governo, aumenta o poder político e faz esse populismo que mata o meio
rural”.
Ainda segundo o deputado, o setor rural brasileiro hoje deve uma safra não só
de café, mas também de milho, de arroz, de trigo, de soja. “Ela não está vista,
porque não estão cobrando, estão alongando, o ano retrasado foram R$ 83 bilhões
de alongamento de dívida, em 2002 foram R$ 23 bilhões e em 96 foram R$ 20
bilhões. Então, eu venho fazendo essa peregrinação, porque a minha vocação
política é para defender o nosso interior. Porque nós aqui sabemos do que seria
Botelhos, se não fosse o café. O que seria de Cabo Verde se não fosse o café. O
que seria de 130 municípios do Sul de Minas se não fosse o café. E o que seria
de 650 municípios de Minas Gerais, que tem a maior fonte de emprego e de renda
no café. E o que seria de todos nós, as fábricas aqui, nacionais e
multinacionais, se não fosse 1.800 municípios no Brasil que como sua maior fonte
e emprego”, perguntou o deputado.
Mostrando compromisso com o setor, Carlos Melles destacou ser “preciso que
mesmo o governo de Minas tenha os olhos mais voltados para a cafeicultura, é
duro e difícil falar, o melhor governo que Minas Gerais já teve, que é do
governador Aécio Neves. É certo que dependemos da política federal, mas o estado
tem as suas responsabilidades com a cafeicultura, porque é o 1º produto agrícola
do estado”.
Acudindo a Colômbia – Arrancando aplausos dos cafeicultores, o deputado disse
da sua “inconformidade com esse momento que o Brasil vive ao longo dos anos, do
produtor ser esse vigoroso homem, que dá emprego, que traz renda, que traz vida
às cidades, mas que não tem a sua remuneração e é o cafeicultor mais eficiente
do mundo. Não tem nenhuma cafeicultura no mundo, que tem a produtividade da
cafeicultura brasileira. Não tem nenhuma cafeicultura no mundo, que tem a
qualidade da cafeicultura brasileira. A Colombiana, que é a famosa, esse ano
exportamos 3 milhões de sacas de café para a Colômbia cumprir os seus embarques,
o café que serviu, que tem qualidade, e que é tão bom, ou melhor do que o dela,
é o café brasileiro. E é por isso que nós devemos nos orgulharmos de nós mesmos,
mas é preciso que tenha um governo que tenha esse sentimento”.
Mas, com 35 anos dedicados ao café, Carlos Melles ainda enxerga esperança no
futuro do produto: “que Deus nos ajude e nos ilumine e vamos continuar
trabalhando animados, porque não há mal que sempre dure e nem que nunca acabe,
esse sofrimento da cafeicultura há de passar e nós vamos ser vitoriosos”.
Produtor trabalhando para o governo – O presidente da Associação Café
Botelhos, Argemiro Begalle, encerrou a solenidade de abertura enfatizando que
apesar da crise o produtor é um forte e acredita em seu produto, proporcionando
o crescimento anual da feira e, com a clareza de quem vive o dia a dia da
cafeicultura, frisou que “todos os anos nós procuramos trazer a melhora do café
para Botelhos, mas até hoje não chegou essa melhora no Café Botelhos. É uma pena
que nós trabalhamos para o governo, não trabalhamos para nós, porque nós só
tiramos dinheiro do bolso.”
No sábado (22), às 11 horas, acontece palestra com o pesquisador da
Embrapa, Eduardo Delgado Assad, que abordará o tema “Impacto do aquecimento
global na agricultura brasleira”.
Realizado pela Associação Café Botelhos e organizado pelo jornal Folha
Agrosul, o 7º Café Botelhos acontece nos dias 21 e 22 de maio, no CREBOJA
– Clube Recreativo João Batista de Abreu, em Botelhos, Minas Gerais, em parceria
com a Prefeitura Municipal e entidades que atuam no município, como a ADESBOT –
Agência de Desenvolvimento de Botelhos, Sebrae-MG, EMATER/MG, Sindicato Rural,
Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Codepar.
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