Vaivém das commodities :: Mauro Zafalo
Commodities impulsionaram a economia em um quarto de século desde a estreia da coluna
O Brasil acabava de passar por três planos econômicos. Assim como ocorrera com os anteriores, o mais recente também não surtia efeito e a inflação atingia o recorde de 1.783% ao ano. Era 1989 e, no troca-troca de moedas, a de plantão era o cruzado novo.
Nesse cenário, e para situar melhor as commodities na economia brasileira, era criada a coluna “Vaivém”, há exatos 25 anos.
A agricultura era caseira e feijão e arroz atingiam 25% da área de grãos plantada no país. O mercado externo ainda representava pouco para as commodities agrícolas e minerais. Os navios mais traziam do que levavam produtos. Importavam-se carnes, arroz, milho, trigo e até feijão.
Hoje, o cenário é outro e o país se tornou líder em exportações. Apenas o agronegócio trouxe US$ 982 bilhões nominais nesses 25 anos.
A China, o grande parceiro atual, comprou apenas 12 mil toneladas de soja dos brasileiros naquele ano, mas já alimentava o Brasil enviando carne suína. Era o segundo item da pauta de exportação dos chineses para o Brasil.
Na primeira coluna –já são perto de 6.400–, o destaque era o avanço da safra, devido à boa produtividade do milho: 2.073 quilos por hectare. Hoje quem tiver essa produtividade não fecha as contas.
A evolução foi grande nesse setor, mas os problemas continuam. Ferrovias iniciadas naquele período ainda não estão prontas, tirando competitividade do país.
E, o pior, apesar da importância no cenário mundial, o Brasil não consegue avançar na venda de produtos com valor agregado. É líder mundial em exportações de café, mas quem ganha dinhei- ro com a industrialização do produto são os alemães, os italianos e os suíços.
Produção O grande avanço da agricultura foi na produtividade, que dobrou nos últimos 25 anos. Já a área semeada cresceu 33% e a produção de grãos subiu 169% no período.
Os líderes Os dois destaques no setor de commodities são a soja e o minério de ferro. Juntos trouxeram US$ 55,3 bilhões para o país no ano passado, 23% das receitas totais das exportações.
Laranja A exportação do setor atingiu US$ 1,1 bilhão em 1989 e deve render US$ 2 bilhões neste. A produção foi de 347 milhões de caixas naquele ano. As estimativas para 2014/15 indicam uma produção de 309 milhões de caixas.
Cana 1 O fim do Instituto do Açúcar e do Álcool, em 1990, e a chegada do carro flex, em 2003, deram ânimo ao setor. As exportações de açúcar saíram de 1 milhão de toneladas para os atuais 27 milhões.
Cana 2 Em 1974, a produtividade era de 40 toneladas por hectare. Hoje, é de 82. Já a produtividade do etanol chega a 7.000 litros por hectare, ante 3.000 na década passada.
Pecuária 1 Um dos grandes passos foi o controle da aftosa, o que abriu novos mercados para o Brasil. Mas o setor ainda tem muito a avançar com a adoção de tecnologia.
Pecuária 2 O setor consegue produzir um boi com 20 arrobas em pouco mais de dois anos. Há duas décadas, demorava mais de cinco anos para produzir um boi de 17 arrobas.
Carnes Os setores de avicultura e de suinocultura aceleraram ainda mais a adoção de tecnologia do que a pecuária, antecipando a produção.