200 anos de Abertura dos Portos – Parte I / 200 anos de Abertura dos Portos – Parte I

Por: Porto Gente

Cartas indicam que transporte marítimo já era freqüente no séc. XVI

Texto atualizado em 04 de Dezembro de 2007 – 05h14
 
  
Bruno Merlin
reportagem 
  
No próximo dia 28 de janeiro será comemorado o Bicentenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas. Com muitas celebrações marcadas para a data, é comum encontrar veículos de comunicação resgatando a história do transporte marítimo no Brasil. Engana-se, porém, quem acha que antes de 1808 pouco se navegava na costa brasileira. Embora hoje o tráfego de embarcações seja infinitamente maior do que nos primeiros anos após a descoberta do País, vários documentos comprovam que desde a chegada dos portugueses ao novo continente, barcos, caravelas e navios navegaram por águas brasileiras. Santos é um exemplo. Embora o Porto local tenha sido oficialmente fundado apenas em 2 de fevereiro de 1892, as águas da região registraram as primeiras relações comerciais marítimas do País com Portugal já no início do século XVI.


Na época, as viagens dos barcos entre Brasil e Portugal levavam cargas, pessoas, cartas, documentos e um intercâmbio que permitiu que habitantes das duas nações se comunicassem freqüentemente. Segundo o historiador Waldir Rueda, como não havia outra forma de comunicação, a troca de cartas registra o vai-e-vem de embarcações entre os continentes americano e europeu. “Não dá para afirmar com qual freqüência as embarcações partiam de Santos rumo a Portugal, mas os documentos comprovam que essa rota era bem conhecida”.


Para Rueda, o trânsito de produtos também acontecia periodicamente, já que não faria sentido um navio se deslocar por quilômetros de distância, em uma logística que envolvia centenas de pessoas, apenas para transportar uma carta. “Vale notar o conhecimento da rota que eles (os portugueses) tinham. Eles não chegaram aqui no litoral paulista por acaso. E tinham sempre a certeza de que suas correspondências iriam chegar com eficiência. Nem hoje ainda é assim. A gente envia algo por sedex ou por carta registrada e não confiamos com absoluta certeza que a encomenda irá chegar ao destino”. Rueda conta detalhes desse período da história brasileira no livro “Braz Cubas: homenagem a uma vida”, que será lançado em janeiro de 2008 pela editora Comunicar.


A primeira carta enviada do Brasil para Portugal da qual se tem registro data-se de 1532. Trata-se de um texto redigido pelo então rei de Portugal, Dom João III, a Martim Afonso de Sousa – provedor da Capitania de São Vicente -, na qual o líder da Corte abordava o povoamento da costa do Brasil (leia o texto original). Muitas outras correspondências devem ter sido trocadas anteriormente, no entanto, a maioria delas perdeu-se no tempo.


Dessa forma, é possível apontar que a atuação comercial do Porto de Santos teve início pouquíssimos anos após a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. A região de Salvador foi a próxima a ver suas águas bem movimentadas pelo transporte marítimo, mas somente a partir de 1549, com a chegada do primeiro governador geral, Tomé de Sousa.


O trecho da carta reproduzido, a seguir, comprova o tráfego constante de correspondências e de comunicação entre Brasil e Portugal, por meio das palavras de Dom João III. O rei aguardava comunicação via carta de território brasileiro para saber como agir. O inverso também acontecia.


“… enviareis logo huma Caravella com recado vosso, e me escrevereis muito largamente todo o que até então tiverdes passado, e o que na terra achastes […] Eu por vossas cartas, e emformação saber, o que se ao adiante deve fazer…”


Na próxima semana, PortoGente irá veicular a segunda parte do resgate histórico, incluindo outras cartas de importância nos primeiros anos de desenvolvimento do Brasil e mais detalhes sobre a evolução do transporte marítimo no País.


Veja as Cartas que indicam que transporte marítimo já era freqüente no séc. XVI



 


 




Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.